Mães e pais de pet! Tendência saudável ou comportamento distorcido?

ARAGUARI, MG — Nos últimos anos, uma nova tendência tem ganhado força entre os brasileiros: o conceito de “mães e pais de pet”. Muitos donos de animais de estimação estão tratando seus cães, gatos e outros bichos como filhos, oferecendo cuidados que, muitas vezes, são exclusivos para crianças humanas.

Mães e pais de pet! Tendência saudável ou comportamento distorcido? Imagem: FDR

Mas o que está por trás dessa prática? Seria ela uma tendência saudável ou um comportamento distorcido? Vamos explorar os aspectos dessa crescente tendência de mães e pais de pet e analisar os possíveis riscos em relação à maternidade e paternidade tradicionais.

O que significa ser “mãe ou pai de pet”?

O termo “mãe e pai de pet” surgiu para expressar o cuidado excessivo que muitos donos de animais têm com seus bichos. Em vez de serem apenas “donos” ou “responsáveis”, eles adotam um papel de verdadeira parentalidade. Isso pode envolver desde dar nomes carinhosos aos pets, como “filhinho” ou “filhinha”, até proporcionar um estilo de vida luxuoso, com roupas e tratamentos especiais, típicos de bebês humanos.

A relação entre donos e animais foi intensificada com a humanização das mascotes, que passaram a ser tratadas como membros da família. Isso se conecta a uma sociedade cada vez mais solitária e com menos tempo para laços humanos. Os pets oferecem companhia, afeto e, muitas vezes, uma válvula de escape emocional.

A linha tênue entre tendência saudável e comportamento distorcido

Por um lado, tratar o pet como parte da família pode ser uma tendência saudável. Quando os animais recebem cuidados adequados, amor e proteção, isso pode beneficiar tanto o animal quanto o dono. A relação emocional que muitos donos têm com seus pets melhora o bem-estar de ambos, sendo benéfica para quem vive sozinho ou busca conexão emocional.

Por outro lado, é importante questionar os limites dessa relação. Quando a distinção entre “mãe/pai” de pet e os cuidados parentais tradicionais começa a se borrar, alguns riscos podem surgir. O maior deles é quando esse comportamento ultrapassa os limites da saúde mental. Se o dono se torna excessivamente dependente do animal, projetando nele expectativas irreais, isso pode gerar frustração e até prejuízos emocionais, caso o animal adoeça ou morra.

Quando a maternidade/paternidade de pet pode virar um problema?

Em alguns casos, tratar o pet como filho pode ser sintoma de dificuldades emocionais ou carência afetiva. Quando essa necessidade de “substituir” uma figura parental por um animal não é tratada, pode gerar desgaste emocional. Esse comportamento pode atrapalhar o processo de socialização e as relações interpessoais do indivíduo.

Além disso, a obsessão em tratar o animal como filho pode prejudicar a percepção das necessidades reais do pet. Embora os animais sejam afetuosos e criem vínculos profundos, eles não têm as mesmas necessidades emocionais de um ser humano. Ignorar essa diferença pode ser prejudicial tanto para o animal quanto para o dono.

O fenômeno dos bebês reborn: uma nova tendência?

Recentemente, outro fenômeno tem ganhado força, principalmente entre mães que buscam replicar a experiência da maternidade. O mercado de “bebês reborn”, bonecos hiper-realistas que simulam bebês de verdade, atrai cada vez mais adeptos. Assim como no caso dos “pais de pet”, as pessoas que se dedicam a essa tendência investem tempo e recursos para criar uma falsa sensação de maternidade.

Essa prática levanta questões semelhantes às do comportamento de pais de pet: até que ponto a busca por preencher um vazio emocional pode ser saudável? As mães que optam por adotar bebês reborn podem estar tentando suprir a falta de maternidade ou lidando com questões emocionais não resolvidas. O desequilíbrio dessa relação pode criar uma falsa sensação de maternidade, trazendo mais prejuízos do que benefícios.

Tendência ou comportamento distorcido?

No fim das contas, a tendência de ser “mãe ou pai de pet” pode ser saudável, desde que haja equilíbrio. A relação afetiva entre humanos e seus animais pode proporcionar conforto e companhia, mas é essencial que não ultrapasse os limites do realismo e da saúde mental. Além disso, é importante ficar atento a comportamentos que indicam carência emocional, como a obsessão em tratar os animais como filhos ou a adoção de “bebês reborn”.

Cada pessoa deve entender o que é saudável para sua vida emocional e buscar apoio quando necessário, mantendo a saúde mental e emocional equilibrada, e respeitando os limites de uma relação genuína com os animais e consigo mesma.

Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.