Na última sexta-feira (26), o presidente da república e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), disse que as emendas do relator irão gerar um problema no futuro. Porém, o chefe do Executivo se isentou de qualquer responsabilidade em relação ao chamado orçamento secreto.
Segundo Bolsonaro, a execução do orçamento secreto é de responsabilidade do Congresso Nacional. Além disso, lembrou na entrevista que vetou a aprovação das RP-9. Mesmo assim, o veto foi derrubado pelo Congresso Nacional.
“Eu não tenho nada a ver com isso, quem define as leis na ponta da linha não sou eu. Se derrubarem o veto, não tem mais conversa. Eu não posso, se quiser, fazer chantagem. O orçamento é do Parlamento”, declarou Bolsonaro.
O orçamento secreto foi citado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante entrevista ao Jornal Nacional da última quinta-feira (25). Em sua fala o candidato do PT afirmou que Bolsonaro não passa de um “bobo da corte” na relação com o Congresso.
Segundo Lula, o atual presidente não tem controle nenhum sobre o orçamento e quem decide são os parlamentares. Além disso, comparou o orçamento secreto com o mensalão, afirmando que a indicação de verbas realizadas na atual gestão é maior que a compra de votos que ocorreu em 2005.
As diferenças entre mensalão e orçamento secreto
Na entrevista ao Jornal Nacional, o candidato Lula rebateu uma pergunta sobre os escândalos de corrupção ocorridos durante sua gestão. Em sua fala, questionou: “Você acha que o mensalão é mais grave que o orçamento secreto?”.
Ambos os esquemas envolvem a compra de votos no Congresso Nacional em troca de apoio e liberação de orçamento. No mensalão, cerca de R$ 101,6 milhões foram desviados de recursos públicos durante quatro anos.
Já no orçamento secreto, durante três anos, R$ 53,5 bilhões foram definidos. Para 2023, já estão reservados mais R$ 19,4 bilhões, gerando um total de R$ 72,9 bilhões. Os dois esquemas mostram como foi a forma de relacionamento entre o Executivo e o Legislativo com partidos do Centrão.
No mensalão o dinheiro de empresas com contratos e interesses no governo era distribuído para parlamentares. Já no orçamento secreto, os recursos saíram da União e eram destinados para um grupo restrito de deputados e senadores como moeda de troca para evitar o impeachment.