- Brasil registrou quase 1 milhão de empregos formais de janeiro a abril;
- A taxa de desemprego no primeiro trimestre foi a maior na série histórica;
- Analista da pesquisa do IBGE alega que o aumento do desemprego é um efeito sazonal esperado.
Nos quatro primeiros meses deste ano, o Brasil criou quase 1 milhão de empregos formais. Apesar disso, o país registrou recorde negativo na taxa de desemprego no primeiro trimestre. Entenda a relação destes dois registros no mercado de trabalho nacional.
Brasil registra quase 1 milhão de empregos em 2021
Nos quatro primeiros meses deste ano, o Brasil registrou o número de 957.889 novas vagas de emprego com carteira assinada. Os dados são Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia nesta quarta-feira (26).
No mês de abril, o país teve o saldo positivo de 120.935 novas vagas. Os números são resultado de 1.381.797 admissões e de 1.260.832 demissões. Os quatro primeiros meses do ano apresentaram resultados positivos. No acumulado anual, houve, 6.406.478 contratações e 5.448.589 demissões.
O Caged apontou que todos os setores avaliados registraram saldo positivo na criação de vagas em abril. O setor de serviços teve mais destaque, com 57.610 postos. Em seguida, os setores seguintes foram de construção (22.224 vagas), indústria (19.884 vagas), agricultura (11.145 vagas) e comércio (10.124 vagas).
De todos os estados, 23 das 27 unidades federativas apresentaram evolução na geração de empregos. O estado de São Paulo teve destaque, com a criação de 30.174 vagas.
Por outro lado, os estados que tiveram saldo negativo foram Alagoas (3.208 vagas), Sergipe (92 vagas), Rio Grande do Norte (61 vagas) e Amapá (60 vagas).
Benefício Emergencial acompanha saldo positivo de contratações formais
Na perspectiva nacional, o resultado positivo na geração de empregos formais acompanha a oferta do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm). Este programa foi restabelecido em abril, com a renovação por mais quatro meses.
De acordo com o Ministério da Economia, 3,1 milhões trabalhadores tiveram o emprego mantido em abril devido ao Benefício Emergencial.
O ministério informou que 2,9 milhões das vagas preservadas no mês passado são de contratos assinados em 2020. Já 208,9 mil são de acordos firmados entre os dias 28 e 30 de abril.
O Benefício Emergencial é um programa que oferece auxílio aos trabalhadores que tiveram suspensão proporcional de jornada e salário ou suspensão temporária do contrato de trabalho.
Conforme o governo federal, este programa visa a preservação de empregos, manutenção da renda dos profissionais e continuidade das atividades empresariais. Dessa forma, a medida poderá reduzir o impacto socioeconômico das medidas restritivas impostas pela pandemia de covid-19.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou a recuperação do mercado de trabalho no país. Apesar disso, ele entende que a desaceleração registrada em abril foi por conta da segunda onda da pandemia. Neste cenário, o ministro reforçou a importância da reedição do BEm.
País registra taxa de desemprego recorde
No primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego chegou à marca de 14,7%. O número representa 14,8 milhões de pessoas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (27).
A taxa informada é a menor da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. De acordo com a pesquisa, as pessoas desempregadas são de 14 anos que buscam emprego, sem encontrar.
A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, afirma que este aumento da população desocupada é um efeito sazonal esperado. Ela argumenta que as taxas de desocupação costumam aumentar no início de cada ano.
Isto acontece, segundo a analista, por conta do processo de dispensa de pessoas que foram contratadas no fim do ano anterior.
“Com a dispensa nos primeiros meses do ano, elas tendem a voltar a pressionar o mercado de trabalho”, complementa.
Perspectivas do cenário econômico atual
A economista da Coface para América Latina, Patrícia Krause, afirmou ao Globo que os dados do Caged — sobre os registros de empregos formais — ainda estão muito descolados do desemprego apresentado pela Pnad, que aponta mais os movimentos do mercado informal.
Ela avalia que os setores são afetados de formas distintas pela pandemia, e contam com programas, como o Benefício Emergencial, que pode ter contribuído a manter o patamar de emprego formal.
Krause indica que algumas empresas, mais resilientes, vão bem e abrem vagas. Já outras mantêm os funcionários, com redução de horas, e as que fecham, não estão todas reportando.
O economista do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV, Rodolpho Tobler, alega que o retrato do mercado de trabalho não é tão otimista quanto o Caged, e nem tão pessimista quanto a Pnad.
Ele informa que este é o segundo mês seguido de desaceleração — sendo muito influenciado pela pandemia. Contudo, não é o mesmo impacto negativo de 2020. Por conta da piora da pandemia, março e abril tiveram mais restrições, de forma a causar uma desaceleração.