Sucateamento do Minha Casa Minha Vida deve cortar mais moradias no Nordeste

O Governo Federal cortou 98% dos recursos destinados ao programa habitacional Minha Casa Minha Vida. O orçamento estimado era de R$ 1,540 bilhão. Com o corte, o valor foi praticamente zerado, ficando com apenas R$ 27 milhões.

Corte do Minha Casa Minha Vida deve cortar mais moradias no Nordeste
Corte do Minha Casa Minha Vida deve cortar mais moradias no Nordeste (Imagem: Adalberto Marques/Integração Nacional)

O corte no Minha Casa Minha Vida fez parte das medidas adotadas pelo presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido). Esse corte, assim como outros, teve como intenção viabilizar a aprovação do Orçamento Geral da União 2021.

A redução de 98% foi do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR). Esse fundo é responsável pelo financiamento das obras da antiga faixa 1 do Minha Casa Minha Vida (MCM). Com isso, as famílias mais pobres serão as mais afetadas.

Mesmo tendo alterado o MCMV para o Casa Verde e Amarela, o governo continua tendo uma faixa destinada as famílias mais pobres.

Essa agora chamada de grupo 1 é voltado para os cidadãos que comprovem uma renda de até R$ 2 mil ou R$ 2.6 mil para quem reside no Norte e Nordeste.

Minha Casa Minha Vida Casa Verde e Amarela
FAIXA RENDA GRUPO RENDA
1 Até R$ 1.8 mil
1,5 Até R$ 2.6 mil 1 Até R$ 2 mil

Até R$ 2.6 mil (para o Norte e o Nordeste)

2 Até R$ 4 mil 2 Até R$ 4 mil
3 Até R$ 7 mil 3 Até R$ 7 mil

O corte nos recursos destinados ao FAR surpreendeu, até mesmo, o Ministério do Desenvolvimento Regional. Isso porque, R$ 1,37 bilhão já estava previsto no Orçamento enviado ao Congresso Nacional no ano passado.

Essa redução nos recursos destinados ao programa habitacional irá impedir novos financiamentos. Além disso, irá paralisar muitas obras e provocar demissão de muitos trabalhadores da área da construção.

De acordo com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, José Carlos Martins, a redução irá paralisar 250 mil casas que já estão em processo de construção. Isso irá afetar cerca de 250 mil empregos diretos e 500 mil indiretos e induzidos.

Martins espera que o Congresso Nacional se compadeça do setor, já tão atingido pela alta dos insumos.

E que tenha em mente que essa medida do governo irá prejudicar uma grande parte da população brasileira. Além disso, irá contribuir para o aumento do desemprego e da crise econômica gerada pela pandemia da COVID-19.

Glaucia AlvesGlaucia Alves
Formada em Letras-Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atuou na área acadêmica durante 8 anos. Em 2020 começou a trabalhar na equipe do FDR, produzindo conteúdo sobre finanças e carreira, onde já acumula anos de pesquisa e experiência.