Ao longo dos últimos dois anos, a porcentagem de 1% da população mais rica do mundo obteve uma riqueza acumulada de quase duas vezes a mais do que o restante da população, de acordo com o relatório anual da organização não governamental Oxfam sobre desigualdade, que é lançado tradicionalmente por conta do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Esta edição do relatório propõe um aumento na taxação dos super-ricos como uma maneira de arrecadar recursos. A idéia é de um tributo cobrado anualmente e de forma permanente de até 5% para a população 1% mais rica.
De acordo com a Oxfam, somente com este percentual seria possível juntar US$1,7 trilhão ao ano, quantia o bastante para tirar 2 bilhões de pessoas da pobreza.
“Pela primeira vez em 25 anos, tivemos, ao mesmo tempo, um grande aumento da extrema riqueza e da extrema pobreza”, afirmou ao UOL Jefferson Nascimento, coordenador de Justiça Social e Econômica da Oxfam Brasil.
Sendo assim, a organização defende “um amplo e sistêmico aumento na tributação dos super-ricos para recuperar parte dos ganhos obtidos por meio de lucros excessivos durante a crise iniciada em 2020, por conta da pandemia”.
Entre as ações que poderiam ser colocadas em prática com esse montante arrecadado estão:
- O financiamento de apelos humanitários
- A criação de um plano para extinguir a fome no mundo em um período de 10 anos
- Apoiar países mais pobres e que são atingidos por eventos climáticos
- Assegurar a saúde pública e a proteção social
“A gente tem visto diversos países, inclusive com troca de governo por conta do debate sobre a reforma tributária, como o caso da Colômbia, o tema sendo pautado também no Chile, o próprio governo [Joe] Biden falando da necessidade de ter taxação de mais ricos. É um debate que está espraiando pelo mundo”, disse Jefferson ao UOL.
O relatório revelou ainda que “um bilionário emite 1 milhão de vezes mais carbono do que uma pessoa média e tem duas vezes mais probabilidades do que o investidor médio de investir em indústrias poluidoras, como as de combustíveis fósseis”.
É proposto pela Oxfa que sejam aplicadas de forma extraordinária taxas solidárias e únicas sobre riqueza e lucros extraordinários para acabar com a crise do excesso de lucros.