No dia 30 de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as eleições. Apesar de já ter sido presidente entre os anos de 2003 e 2010, o petista terá um terceiro mandato difícil, na avaliação do editor sênior da revista The Economist, Michael Reid, em entrevista ao Valor.
O editor da revista do Reino Unido considera que a votação apertada e um Congresso adverso devem tornar um desafio maior as reformas estruturais necessárias para estimular o crescimento da economia. Ele destaca a reforma tributária como a mais urgente em mandato de Lula.
Na visão de Michael, o país necessita que o um governo que realize reformas deste século. Apesar disso, ele diz não estar certo “que Lula conseguirá isso”.
Um dos desafios a serem enfrentados por Lula, segundo o editor, é “recuperar o controle do Orçamento pelo Executivo. E isso envolve duras negociações. Se o centrão não fizer acordos, ele não poderá ceder muito. Porque também tem outras prioridades”.
O editor do The Economist também comenta sobre o contexto em que os juros da dívida pública estão bastante elevados. Neste sentido, o ele cita a necessidade de reduzir.
“Serão negociações difíceis. Mas ainda não enxergo riscos imediatos de ingovernabilidade”, afirma.
Cenário econômico a ser enfrentado por Lula em novo governo
Durante o primeiro governo de Lula, o país viveu um contexto de superciclo de commodities.
Ao ser perguntado se o novo mandato do petista será bastante diferente nesse sentido, Michael alega não saber o que ocorrerá com os valores de matérias-primas.
O editor explica que existem “tendências contraditórias”. Por um lado, a guerra entre Rússia e Ucrânia causou o aumento de alguns valores de commodities. Já por outro, a economia global está na direção de uma recessão — o que torna os preços oprimidos.
“Então não sabemos. Acho que é razoável dizer que ele não terá a bonança que teve” durante os oito anos de mandato.
Diante disso, na visão do editor, para que o país tenha desenvolvimento da economia, precisará realizar reformas estruturais — especialmente reformas macroeconômicas. “No médio prazo, será preciso uma educação melhor”, complementa.