Como a BOLSA DE VALORES deve se comportar com LULA eleito?

Pontos-chave
  • B3 pode engatar rali depois das eleições 2022
  • Ibovespa terá que suar para obter o mesmo resultado positivo que conseguiu em 2002 e em 2006

Ao ignorar a máxima de que “retorno passado não garante retorno futuro”, a B3 pode engatar rali depois das eleições 2022 que fizeram com que Luiz Inácio Lula da Silva voltasse ao poder. 

Como a BOLSA DE VALORES deve se comportar com LULA eleito? (FDR)

“O mercado, em grande parte, vinha embutindo aos preços a vitória de Lula. Num primeiro momento, podemos ver alguma queda da bolsa. Mas, depois, devemos ver estabilização e o mercado voltando a ficar positivo para o Brasil. Em comparação aos emergentes, o país hoje está muito acima dos outros. O Brasil está muito bem quisto pelos investidores estrangeiros”, explicou ao Valor Investe, Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

Neste sentido, vale ponderar que existe uma inclinação de investidores de fora para Lula e não para Bolsonaro. Mesmo com isso, não será fácil para o Ibovespa obter o mesmo resultado positivo que conseguiu em 2002 e em 2006, ano das duas eleições vencidas por Lula.

Na semana passada aconteceram exemplos práticos desta dificuldade que será enfrentada. Dentro da carteira teórica mais conhecida  do país, foram criados dois feudos. Um deles que foi favorecido e outro nem tanto pela vitória de Lula nas urnas.

Entre as ações consideradas como ideais para ganhar dinheiro com a vitória do petista  estão as de varejo, educação e construção para baixa renda. Já entre as menos favorecidas com a vitória são as grandes bancos e estatais, uma vez que de início, estão sendo encaradas pelo mercado como rota de fuga ao olhar para possíveis interferências desastrosas na economia e na rotina das empresas.

“Vencesse quem vencesse, as ações de educação já apresentariam boas perspectivas de recuperação por, simplesmente, se verem livres das restrições de mobilidade trazidas pela pandemia”, disse ao Valor Investe Fernando Siqueira, executivo responsável pela área de análise da Guide. “Com Lula vencedor, essa recuperação tende a ser ainda mais rápida, caso se confirmem as promessas de retomadas de programas como ProUni e Fies.”

Sobre papéis relacionados com o consumo, o pensamento é parecido. Se no caso de grandes bancos e estatais o mercado aguarda resultados que refletem excessos de interferência do estado, ações de empresas varejistas e construtoras esta mão mais pesada pode se mostrar como uma vantagem, pelo menos no curto prazo.

Lula vem prometendo desde o começo da campanha que além de manter o Auxílio Brasil de R$600, também dará um adicional de mais R$150 por filho de até 6 anos. Disse ainda que vai retomar os aumentos reais do salário mínimo, característica dos governos petistas passados. Ao longo dos 13 anos de comando do PT, o que inclui os governos de Dilma Rousseff, o salário foi corrigido em 74% acima da inflação.

O presidente pretende ainda realizar um grande programa de renegociação de dívidas e ainda a volta de linhas de crédito subsidiado.

Olhando para o longo prazo, um passo maior que a perna neste sentido pode prejudicar as contas públicas e o possível crescimento do país.

Especialmente em decorrência da indexação de aposentadorias, responsáveis por engolir uma parcela considerável do Orçamento. Porém, no curto prazo, no entanto, essas decisões podem assegurar pelo menos um pequeno aumento no PIB.

Já as ações da Petrobras, que correspondem a 13% da composição do Ibovespa, tendem a ser prejudicadas pelo menos de imediato. A semana passada já trouxe alguns indícios de que pode acontecer. As ações da estatal caíram 13% logo depois da empresa ter conquistado o maior valor de mercado da história. Isto aconteceu pois o mercado via uma possível virada de Bolsonaro nas eleições ao passo que ganhava força os boatos que Bolsonaro iria privativa a empresa.

Lula vai no caminho contrário afirmando que vai “abrasileirar” os preços dos combustíveis.  Na prática, nada muito diferente da insistência do atual comando da Petrobras, sob interferência estatal, em seguir acompanhado as flutuações para cima dos preços do petróleo.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.