- Banco Central deve manter a Selic alta para controlar a inflação;
- A taxa de juros está no maior patamar em seis anos;
- A Selic elevada causa alguns impactos na vida dos brasileiros.
Em ata da última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central alegou que manterá a taxa básica de juros da economia, a Selic, alta por um tempo “suficientemente longo”. Desse modo, a autoridade monetária visa controlar a inflação.
Na última quarta-feira (3), o Copom aumentou a taxa Selic de 13,25% ao ano para 13,75% ao ano. O Comitê alegou que “optou por sinalizar que avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, na próxima reunião”. Ou seja, a Selic pode chegar a 14% ao ano no encontro de setembro.
O objetivo do colegiado é de “trazer a inflação para o redor da meta no horizonte relevante”, que abrange o ano de 2023 e, em nível menor, de 2024.
O Banco Central alega que o panorama econômico internacional segue “adverso e volátil”, com maiores negativas revisões para o crescimento mundial. Isso em um cenário “inflacionário ainda pressionado”.
Dentro do Brasil, o colegiado declara que os indicadores econômicos continuam estimando um crescimento durante o segundo trimestre — com uma retomada do mercado de trabalho acima do previsto pelo Comitê.
Apesar disso, o Copom afirma que a inflação ao consumidor segue alta, com disseminada elevação entre diversos componentes, “se mostrando mais persistente que o antecipado”.
A diminuição do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis e energia elétrica, entre outros, pode ser vista nos indicadores de alta frequência.
Contudo, o Copom informa que “os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”.
Selic está no maior patamar dos últimos seis anos
Pela décima segunda vez seguida, o Copom decidiu elevar a taxa básica de juros. Atualmente, a Selic está no maior patamar desde novembro de 2016, quando tinha chegado a 14% ao ano.
Desde março do ano passado, o colegiado vem elevando a taxa de juros. Entre março e junho de 2021, o indicador aumentou, em cada encontro, em 0,75 ponto percentual. No início de agosto, a taxa subiu 1 ponto em cada encontro. Já entre dezembro do ano passado e maio deste ano, a alta foi de 1,5 ponto.
Estes são os impactos da Selic alta para o seu bolso
A taxa Selic é o principal instrumento da autoridade monetária para controlar a inflação. Por se tratar de uma taxa básica de juros da economia, ela influencia as demais taxas de juros do país.
Entre as taxas influenciadas, estão as taxas de empréstimos, financiamentos e cartões de crédito, por exemplo. Consequentemente, quando a Selic está alta, o crédito fica mais caro.
Por outro lado, diversos investimentos em renda fixa — que são atrelados à taxa básica de juros — passam a oferecer maiores retornos. Entre essas aplicações que são favorecidas pelo aumento da Selic, estão títulos privados e públicos do Tesouro Direto (o Tesouro Selic), e Certificados de Depósitos Bancários (CDBs).
Funcionamento dos reajustes da Selic na prática
Conforme citado acima, quando a Selic sobe, os juros cobrados sobre diversas operações ficam mais altos. Com isso, a população tende a reduzir o consumo — e isso favorece a queda da inflação.
Por outro lado, quando o Copom diminui a taxa básica de juros, fica mais barato tomar dinheiro emprestado. Isso porque ficam menores os juros cobrados nessas operações. Como resultado, há estímulo para o consumo.
Banco Central precisa manter a inflação sob controle
Atualmente, o Brasil vem enfrentando um cenário de grande inflação. Apesar de que o país tenha registrado deflação de 0,68% em julho, a taxa continua acima de dois dígitos no acumulado em 12 meses.
Segundo o Banco Central, a inflação baixa, previsível e estável oferece diversos benefícios para a sociedade. Caso a autoridade consiga alcançar essa meta, a economia pode crescer — já que a incerteza econômica fica menor, as pessoas conseguem planejar melhor seu futuro e as famílias não perdem sua renda real.
Para alcançar esse objetivo, o país adota o regime de metas para a inflação. Por esse sistema, o Banco Central atua para que a inflação fique dentro desse parâmetro.
Por exemplo, para este ano, o centro da meta de inflação é de 3,50% — com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O Banco Central já admitiu que não cumprirá a meta deste ano.
Diante disso, a autoridade monetária já visa alcançar a meta do próximo ano, de 3,25% — com o mesmo intervalo de tolerância de 1,5 ponto.