A partir da década de 90 as milícias surgiram no pretexto de livrar comunidades da opressão de traficantes. Hoje, possuem um amplo domínio territorial que domina por meio de diversas atividades, inclusive a oferta de empréstimos.
As milícias estão a cada dia diversificando suas atividades a fim de aumentar as fontes de receita. De acordo com investigações, as quadrilhas atuam em setores como imóveis, mineração, empréstimos, farmácias e prostituição.
Os dados foram obtidos pelo portal UOL através de investigações realizadas pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), pela Receita Federal e por outros órgãos. Além disso, foram analisados cerca de 600 documentos judiciais que mostram as atividades dessas quadrilhas.
A princípio, as milícias atuavam na extorsão de moradores e comerciantes das áreas dominadas. Hoje, há uma gama de atividades que estão sobre o domínio das quadrilhas. Exemplo disso é o monopólio da venda de gás e a oferta de TV por assinatura não autorizada, chamada de gatonet.
Investigações mais recente da polícia e do Ministério Público mostraram a ligação dos milicianos com a mineração ilegal e construção clandestina de imóveis. Em alguns lugares, os grupos impediram a vaga de cigarros legais e monopolizaram a comercialização de produtos pirateados.
Milícias dominam 60% do Rio de Janeiro
Segundo Cecília Olliveira, diretora-executiva do Instituto Fogo Cruzado, “as milícias têm presença em quase 60% dos bairros da cidade do Rio, além da Baixada Fluminense”. Além disso, tendem a expandir esse território, já que com isso ampliam as possibilidades de negócios.
Para forçar o poder dos grupos estes utilizam de ameaças, torturas e, até mesmo, cometem assassinato aqueles que se recusam a seguir as ordens dos milicianos. Assim, mantém o domínio na região e ampliam os territórios cariocas.
Empréstimos com juros exorbitantes
Outra atividade agora explorada pelos milicianos é a de oferta de linha de crédito. Porém, os juros cobrados não seguem os usados no mercado de trabalho. Segundo os dados das investigações, a empresa Cred Tech Negócios Financeiros foi usada para os empréstimos.
A milícia que domina as favelas da Muzema e de Rio das Pedras usou a empresa para movimentar mais de R$ 3,6 milhões entre agosto de 2018 e abril de 2020. Aqueles que não pagam as parcelas têm os bens confiscados.