De acordo com uma investigação realizada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, funcionários contratados da Fundação Ceperj sacaram R$ 226,4 milhões. Os saques aconteceram nos sete primeiros meses deste ano no Banco Bradesco. Isso gerou a desconfiança de um possível esquema de rachadinha.
Os criminosos foram contratados para cargos secretos no Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro. Os saques em espécie constam em uma ação sobre o esquema de rachadinha em tramitação na 15ª Vara de Fazenda Pública do Rio.
O valor sacado pelos funcionários corresponde a 91% de todos os pagamentos destinados a eles em 2022, sendo no total R$ 248,9 milhões. Esse levantamento foi obtido por meio de uma planilha disponibilizada pelo banco.
Nessa constam 27.665 pessoas que receberam os pagamentos da Ceperj durante este ano. Diante disso, os promotores pedem a suspensão de novas contratações pelo órgão. A Justiça ainda irá analisar a limitar.
A mesma também deve impedir novos pagamentos “na boca do caixa”. O governo estadual ainda não foi notificado da ação. As investigações iniciaram após o UOL divulgar reportagens sobre um possível esquema de rachadinha.
Após isso, o órgão anunciou que agora os funcionários teriam que abrir uma conta corrente para poder receber os pagamentos. Anteriormente, bastava apresentar um documento para sacar o salário no Bradesco.
Além disso, a fundação suspendeu o projeto Casa do Trabalhador por um mês. Nesse, há 9.000 cargos secretos que passarão por auditoria. Só neste ano, o projeto recebeu R$ 80 milhões de verbas públicas.
Saque de R$ 500 mil levou à investigação de rachadinha
Durante as investigações, saques em espécie de grande volume chamaram a atenção dos promotores. Os saques ocorreram em uma agência na cidade de Campos dos Goytacazes. Foram oito datas, entre janeiro e junho, com saques de, no mínimo, R$ 300 mil.
O maior saque foi realizado no dia 14 de junho, de R$ 536 mil. “A realização de saques de dinheiro em grande volume constitui nítida afronta às normas de prevenção à lavagem de dinheiro”, afirmam os promotores.
Além disso, há indícios que parte desses valores estão sendo repassados para terceiros, em um esquema de rachadinha. Outra constatação foi a presença de funcionários públicos entre os cargos secretos recebendo dois salários.