Banco Central vê risco de lavagem de dinheiro em uma das principais corretoras de criptomoedas

O Banco Central suspeita de lavagem de dinheiro na Binance, uma das principais corretoras de moedas digitais do mundo. Essa desconfiança está no centro da crise que levou a exchange de criptomoedas a suspender, por quase um mês, saques reais no Brasil. A informação foi apurada pela Folha de S. Paulo.

Banco Central vê risco de lavagem de dinheiro em uma das principais corretoras de criptomoedas
Banco Central vê risco de lavagem de dinheiro em uma das principais corretoras de criptomoedas (Imagem: Montagem/FDR)

Segundo a reportagem, o risco de lavagem de dinheiro seria por conta da falta de dados claros sobre os responsáveis pelos R$ 40 bilhões movimentados pela exchange de criptomoedas no ano passado.

O Banco Central solicitou dados de clientes ao banco Acesso, responsável pelas transações da Binance no país, sobre o grande risco de lavagem de dinheiro nas operações. A autoridade monetária exigiu o envio de informações detalhadas sobre os clientes.

O Acesso é uma companhia do grupo Méliuz que, até junho, trafegava as transações dos usuários da corretora de criptomoedas na rede do Pix. A intermediação da operação era pelo banco digital Capitual.

No dia 17 de junho, a Binance comunicou a suspensão dos saques por Pix. Também foi anunciado o rompimento com o Capituale com o Acesso, consequentemente. Para ocupar o lugar do Capitual, a corretora de criptomoedas escolheu a Latam Gateway, que opera com o banco BS2.

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Conflito entre a corretora de criptomoedas e banco digital

Conforme a Folha, a Acesso teria repassado a demanda do Banco Central para o Capitual. Este por sua vez, teria pedido os dados para a Binance. Segundo o banco digital, a exchange teria se negado a oferecer as informações. À reportagem, a Binance disse que não foi notificada, seja via Capitual ou Acesso.

Em processo de corre em segredo de justiça em São Paulo, exchange acusa o Capitual de exigir a individualização de contas bancárias de usuários — sem provar que isso foi exigência por parte da autoridade monetária.

Contudo, segundo a Folha, a notificação do Banco Central solicitava somente os dados dos clientes, como renda e ocupação.

Na visão da Binance, o banco digital teria tentado obter informações de clientes que não teriam, necessariamente, exigidos por autoridades monetárias. Por conta disso, teria sido finalizado o contrato com a instituição.

No âmbito do mesmo processo, a corretora de criptomoedas pediu — e teve atendida — uma solicitação para bloquear US$ 450 milhões das contas do banco digital.

À reportagem, a Binance alegou que “não é cliente do Acesso e que nunca foi informada sobre qualquer solicitação do Banco Central para individualização de contas”.

A corretora afirma ter “ferramentas e processos robustos para garantir que o ecossistema cripto seja seguro para todos os usuários”.

Silvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.
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