Ostentação e consumismo: Aprenda 5 técnicas para consumir de maneira mais inteligente

Na quarta-feira passada (6) circulou nas redes sociais um vídeo da Gabi Brandt, onde a influencer ria do valor da fatura de cartão de crédito que girava em torno de R$ 370 mil reais.

Com uma grande repercussão do fato a influencer recebeu diversas críticas, onde o valor em aberto da fatura era comparado ao valor necessário para se comprar uma casa, e muitos trouxeram a temática da desigualdade social, afinal o Brasil está novamente no mapa da fome, enquanto algumas pessoas possuem faturas de cartão de crédito nesse valor.

Dessa forma criou-se uma descriminição do consumo do outro, mas sabemos que vivemos em uma época onde ostentar e consumir, faz parte da nossa cultura. 

O consumo tem o papel na construção de quem nós somos, o que temos determina até certo nível, a qual grupo pertencemos, e com as redes sociais isso fica cada dia mais forte.

O processo de consumir e ostentar é uma carga cultural e histórica que se perpetua, basta sabermos que quando falamos “Fulano, se deu bem” ou “Ciclano, subiu na vida”, normalmente atrelamos isso a aquisição de bens como casa, carros, bons equipamentos de tecnologia e etc.

Sacrifícios feitos pelo consumo


Nesse ambiente social do consumo desenfreado, o jovem é a principal “vítima” o “público alvo”, ou seja a presa mais fácil para o tiro certeiro do marketing, que incentiva esse consumo.

O jovem mesmo antes, ou logo após sair da faculdade tem um sonho, e para a grande maioria está atrelado a comprar um carro. 

Dessa forma, ainda com um baixo salário, o jovem entra em linhas de crédito para realizar um sonho. Pagando por um bem o preço de dois, e por falta de controle financeiro acaba tendo um nível de endividamento alto, logo no início da vida adulta.

Quem nunca se imaginou dirigindo um carro bacana?

Ou vestindo uma roupa de marca?

Pois bem, a gente paga e sacrifica nosso dinheiro e até mesmo nossa saúde para poder sonhar de olhos abertos; Para poder se sentir parte de uma sociedade como a da Gabi Brandt, que muita das vezes tem um consumo vazio, feito apenas para a sustentação de um status.

Como nascemos em uma sociedade capitalista é preciso criar técnicas para se blindar e poder consumir de forma consciente e inteligente.

Veja abaixo 5 técnicas e conceitos que irão te ajudar a consumir de forma inteligente: 

1) O preço do tempo!


É fato! O nosso bem mais precioso é o tempo, ele é a moeda de troca que disponibilizamos para empresas, negócios, e como resultado recebemos um salário.

Com esse salário consumimos coisas para viver melhor e quem sabe, ter mais tempo de qualidade com outra preciosidade: as nossas famílias e amigos.

Entender qual é o valor do seu tempo, fará com que você seja mais seletivo na hora de consumir, pois conseguirá entender a relação entre tempo x dinheiro.

Vamos imaginar que você possui uma renda de R$2.500,00 e trabalha somente em dias úteis:

R$2.500,00 / Mês
R$2.500,00 / 22 dias = R$113,64 esse é o preço do seu dia.

Se você trabalha 8 horas por dia, cada hora vale R$14,20:

R$113,64 preço do dia / 8 horas = R$14,20.

Sendo assim, pense naquela última compra que você fez… algo que está parado e sem uso, algo que trouxe algum arrependimento, ou até mesmo a academia que você paga todos os meses e não vai, ou celular caro …

A média dos celulares mais vendidos no Brasil gira em torno de R$2.500,00 á R$3.500,00. Considerando o valor mais alto, ao adquiri-lo você precisa trabalhar mais ou menos 247 horas para poder pagá-lo, mais de 5 semanas de trabalho somente para pagar este único objeto.

Ter essa consciência na hora de consumir, fará com que você tome escolhas mais assertivas e diminua impulsos, veja que o consumo em excesso nos obriga a trabalhar cada vez mais.

Quanto mais se consome, mais se trabalha e menos tempo temos para viver.

2) “É cilada Bino!” – Atenção com as armadilhas 

Não tem como falar do preço do tempo, sem pensar na solução mais óbvia: PARCELAMENTO.

Essa é a solução mais usual, afinal aqui no Brasil onde temos um salário mínimo totalmente em desacordo com o necessário, comprar um bem, principalmente os básicos como: geladeira, máquina de lavar, fogão – precisam ser comprados por meio de crediário ou cartão de crédito.

Mas quando esse parcelamento migra para outros produtos/ serviços que não são realmente necessários é preciso tomar cuidado.

O nível de endividamento no país com a modalidade de cartão de crédito está em niveis altissimos, se esse for o seu caso veja essas duas matérias no nosso site:

Siga estas dicas para não estourar o limite do seu cartão de crédito igual a influencer Gabi Brandt

Cartão de crédito: especialista explica como zerar dívidas pelo dispositivo financeiro

3) Consumo com base nos seus Valores

Você sabe quais são os seus valores pessoais?

Valores pessoais são um conjunto de crenças, ideais ou práticas que regem nossas vidas, identificar esse conjunto ajudará na nossa tomada de decisão ao consumir.

Esses valores podem ser: liberdade, independência, amizade, justiça, segurança, amor, saúde entre muitos outros.

Vou trazer aqui um exemplo pessoal: Um dos meus valores mais fortes é a liberdade, ter conhecimento sobre isso resultou em duas coisas na minha vida:

Ter um emprego onde não exige de mim ficar presa a um ambiente/ escritório, posso hoje (depois de muito lutar por isso), trabalhar viajando pelo mundo.

Ter esse valor como orientador, também me fez perceber que comprar uma casa não fazia nenhum sentido.

Afinal, por mais que uma casa possa ser vendida, é um bem de baixa liquidez, o que isso significa?  Que não é fácil transformar uma casa em dinheiro da noite para o dia, vender um imóvel pode demorar dias, meses ou anos.

O que pode ser diferente para alguém que tem como valor principal a segurança, para essa pessoa pode sim fazer muito sentido comprar uma casa, por exemplo.

Entenda que saber os seus valores, fará com que você consuma de forma consciente e que não tenha arrependimentos.

4) Trace metas e objetivos

Quantas vezes você já foi até o mercado comprar uma caixa de leite e voltou com biscoito, uma barra de chocolate, um desodorante…

Quando as pessoas falam da importância de se fazer uma lista de compras antes de ir ao supermercado, nada mais é do que estipular metas e objetivos.

O problema não é você consumir, isso faz parte da nossa engrenagem social, mas sim o consumo excessivo ou que atrapalhe os seus planos, por exemplo:

Se seu sonho é fazer um intercâmbio, fazer um curso, comprar uma casa, ou um carro, muitas coisas no caminho podem te atrapalhar. O mundo virtual de hoje é como um shopping sem barreiras, estamos a todo momento recebendo ofertas, promoções, coisas imperdíveis.

No marketing isso é chamado de gatilho mental, que basicamente são técnicas de venda e quando você não tem suas metas desenhadas pode entrar nesses “desvios de rota”, então atenção.

5) Mantenha o foco – controle financeiro

 

Última ferramenta, e talvez uma das mais importantes na Educação Financeira: o Controle.

Esse provavelmente você já ouviu falar – anotar entradas e saídas de dinheiro, analisando com criticidade todo movimento financeiro, tendo em vista as metas e os objetivos.

Por mais que a gente queira andar em linha reta, na maior parte do tempo estamos andando em zig zag e manter o foco é o que possibilitará que cheguemos ao ponto final e o controle financeiro irá te auxiliar nesse caminho.

Entenda que os números contam uma história, por meio do Controle é possível identificar os desvios do caminho, que podem ser causadas por familiares, amigos, por você mesmo e até por pessoas como a Gabriela Brent, afinal ela é uma influenciadora.

Cautela com as pessoas que influenciam você.

E tenha sempre em mente que o verbo Ser precisa vir antes do Ter.

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Bruna Cordeiro
Bruna Cordeiro é Palestrante e Consultora de Finanças, possui a Certificação Profissional ANBIMA Série 20, destinada a distribuição de Investimentos, Produtos e Serviços Financeiros. Tem como propósito mudar a vida das pessoas através da Educação Financeira.