Educação financeira: especialista explica como reduzir as contas em aberto e poupar

Com o país em crise, ter controle do fluxo de renda e educação financeira é essencial para evitar as dívidas. Cada vez mais recomenda-se o acompanhamento semanal e mensal das despesas. Abaixo, uma especialista traz uma série de dicas para que você possa organizar as finanças da sua casa. Acompanhe.  

A educação financeira está entre os assuntos poucos trabalhados no Brasil. É de extrema importância que o cidadão saiba controlar seus gastos e receitas de modo que evite cair nos indicativos de inadimplência.  

Alguns exercícios básicos podem impactar diretamente na rentabilidade da família. Entender o valor total recebido no mês, quanto se gasta em despesas fixas e variáveis, quanto se consegue poupar, entre outras questões, podem só não te tirar das dívidas como abrir portas para o investimento.  

Abaixo, a contadora e professora de contabilidade da C.H.i. Cursos, Antonia Jairi Brito, explica a melhor forma de organizar suas finanças. Acompanhe:  

Como ter uma boa educação financeira?  

Para começar é preciso entender em que fase financeira você está. E neste caso o início da educação financeira é olhar para as entradas e saídas de dinheiro. Depois é hora de identificar pontos de atenção, e o primeiro deles é se você está gastando mais do que ganha. Essa é a lição número 1, parar de gastar mais do que ganha, porque não dá para fazer nada se o saldo final da sua vida financeira for negativo. Aliás, dá sim! É hora de começar a cortar gastos e planejar o pagamento das dívidas existentes, sem fazer novas dívidas.  

E uma coisa que ajuda muito quando o assunto é educação financeira:  buscar conhecimento. Existem cursos e vídeos ótimos sobre o tema. Também é bom seguir algumas pessoas cuja cultura financeira você se identifica para ir criando motivação para fazer uma reeducação financeira e cumprir pequenas metas até chegar a fase dos investimentos.  

Como fazer planejamento financeiro pessoal?  

Muitas pessoas pensam que o planejamento financeiro é algo apenas para pessoas com rendas volumosas, mas não, qualquer pessoa pode e deve fazer um planejamento financeiro.  

Ele é simples, a base é feita considerando o quanto se ganha (entradas) – tanto o valor fixo, quanto os valores variáveis – e quanto se gasta, também sob o olhar de contas fixas e contas variáveis. E na hora de montar este planejamento, pode-se fazer uma divisão das despesas por tipo, como habitação, alimentação, educação, gasolina, por exemplo. Isso ajuda na análise dos gastos.  

Um erro muito comum no planejamento financeiro é a pessoa não considerar valores pequenos, como os “lanchinhos do final de semana” que só custam R$ 25,00 cada. Se é um gasto, precisa ser considerado. Então o planejamento correto considera diversão, passeios e presentes, que se diga, pode ser um ponto de muita atenção na hora do corte de gastos.  

https://www.youtube.com/watch?v=ufRn8RTuR74

Como controlar as despesas fixas e variáveis?   

Ao fazer o planejamento financeiro, essa divisão passa a ser meio automática, porque ao separar os gastos, esse controle passa a existir. E as contas fixas, em geral, são bem controladas, como elas estão presentes todos os meses e no mesmo valor, isso facilita o controle. 

Mas e as contas variáveis?

Elas precisam de análise. O supermercado, por exemplo, apesar de todos os meses está na lista de gastos, pode ser considerado um gasto variável, pois os valores, em função das variações de preços, têm alteração de um mês para o outro. Gasolina, também entra nesta métrica. A manutenção do carro. O gasto com estética, mesmo que periódico, também deve ser considerado assim.  

No entanto, quando você faz um planejamento financeiro, você vai ser capaz de entender como é o comportamento dos seus gastos, mesmo com as variações. E, no final das contas, mesmo sendo variável, o gasto pode ser estimado e você deve estipular um teto de gastos ou fazer compensações entre um gasto e outro, reduzindo por exemplo o gasto do restaurante porque dois meses depois você terá que fazer manutenção no carro.  

Como organizar as finanças com a (o) companheiro?   

Quando o assunto é finanças entre casais, no geral, temos pessoas com perfis diferentes convivendo sob o mesmo teto. E o primeiro passo é entender o perfil do outro para ajudar a colocar as finanças em dia ou fazer a reserva que precisa para realizar algum plano em comum. 

Normalmente o gastador, aquele que só sobrevive com um carnê, vai ser o maior desafio, porque para este perfil tudo se resolve no final. Mas quando este perfil convive com um poupador ou investidor, essa visão de “deixa a vida me levar”, vai dar problema na certa.  

Como este perfil não é capaz de fazer qualquer tipo de controle, uma saída é trazer o controle para si e fazer os mesmos passos do planejamento financeiro individual, encontrar o foco do descontrole, tentar sanar os problemas cortando gastos e inserindo pequenos controles para a(o) companheira(o), criando consciência financeira.  

A divisão de renda e despesas entre conjugues é a melhor alternativa?   

Quando o controle conjunto não dá certo, a melhor saída é o controle individual e coletivo simultaneamente. Desta forma, fica acertado um valor comum ou uma divisão de despesas para cada um e o controle dos demais gastos fica a cargo de cada um.  

Isso resolve, se o descontrole de um dos lados não atrapalhar os gastos em comum, e se houver um acordo de revisão dos gastos periodicamente, já que alguns gastos podem sofrer alterações significativas ou quando as receitas se tornam insuficientes para quitarem os gastos.  

Ou seja, mesmo na divisão de rendas, tem que haver controle do gasto comum.  

Gastos domésticos: como calcular a média mensal das despesas?   

Todos os gastos devem ser planilhados e acompanhados, inclusive os que são variáveis e pequenos gastos do dia a dia, como a quitanda e pãozinho de cada dia. Este controle faz com que você tenha um valor médio e se possa, com isso, é possível determinar metas mensais de gastos. Desta forma pode também, planejar formas de economias e corte de gastos.  

Quais os melhores aplicativos e ferramentas para acompanhar os gastos?  

O controle financeiro pode ser feito até em um caderno simples, inclusive algumas pessoas se saem melhor desta forma. No entanto, o uso da tecnologia pode ajudar nesta tarefa de controlar gastos te de criar consciência financeira.  

O SERASA listou  alguns aplicativos para controle financeiro.  

  • Serasa:  traz uma carteira digital, que pode ser utilizada para pagar contas, fazer transferências e até recarga de celular. É gratuito para download em aparelhos Android e iOS.  
  • Organizze é um aplicativo especialmente interessante para aqueles que têm mais de uma conta bancária. Nele é possível registrar categorias e subcategorias de gastos e receitas. É gratuito para download em aparelhos Android e iOS.  
  • Guiabolso: um dos mais tradicionais do mercado. Traz a possibilidade de o usuário receber notificações na data do vencimento das suas contas, elabora gráficos e ajudam a entender o comportamento dos gastos. O usuário precisa informar dados bancários e ele se conecta a sua conta.  É gratuito, mas algumas funções são restritas para assinantes. 
  • Minhas Economias: bastante intuitivo, o APP traz funcionalidades interessantes, como a definição de metas financeiras e gráficos para acompanhar a evolução. É gratuito para download em aparelhos Android e iOS.  
  • Wisecash:  o app tem plataforma que gera diferentes gráficos e relatórios que classificam as contas por categorias e permitem que o usuário agende uma transação por mês. Também permite definir metas. Não está disponível para o sistema IOS. É gratuito.  
  • Mobills: permite cadastrar um ou mais cartão de crédito para acompanhar a evolução dos gastos. Também permite fazer backup de todos os dados da plataforma e sincronizá-los automaticamente na nuvem. É gratuito para download em aparelhos Android e iOS. 

 

Eduarda AndradeEduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.