Fome no Brasil quase dobra nos últimos dois anos. Número de brasileiros com fome cresceu durante a pandemia.
Atualmente, cerca de 31,1 milhões de pessoas passam fome no país. O número é equivalente a 14 milhões a mais do que o registrado no fim de 2020.
Cresce o número de brasileiros com fome
De acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira (8), do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, o avanço da fome no país é alarmante.
A pesquisa analisou informações entre o período de novembro de 2021 e abril de 2022. Durante esse período foram examinadas entrevistas feitas em 12.745 domicílios localizados em áreas urbanas e rurais de 577 municípios brasileiros.
Os conteúdos das entrevistas foram medidos pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) que divide os dados entre Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar.
As informações apontam que fatores como o cenário pandêmico, a crise econômica e a falta de políticas públicas foram responsáveis por agravar a situação da fome. Os resultados obtidos são de que o número de lares com brasileiros passando fome passou de 9% para 15%.
Brasileiros vivem diferentes graus de insegurança alimentar
Quando olhado mais a fundo, os dados revelam que a insegurança alimentar está presente na rotina de mais da metade da população. Isso porque, 58,7% dos brasileiros convivem com a fome em algum nível.
As 125,2 milhões de pessoas com fome no país compõem 58,7% de brasileiros, destes são:
- 15,5% com insegurança alimentar grave;
- 15,2% com insegurança alimentar moderada;
- 28% com insegurança alimentar leve.
“Em 2021 e 2022, 125,2 milhões de brasileiros não tinham certeza se teriam o que comer no futuro próximo” afirma trecho do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar.
Fome no Brasil
Historicamente, os números atuais representam um retrocesso vivido pelo país. Dados apontam que entre 2004 e 2013, políticas públicas que visavam a erradicação da pobreza e miséria foram responsáveis por reduzir consideravelmente a fome levando o índice de 9,5% para 4,2%.
O cruzamento dos dados atuais e mais antigos apontam ainda que nos últimos dois anos, o crescimento que já vinha sendo registrado, foi intensificado. Isso porque, em 2018, quando foi feita a última estimativa pré pandemia do coronavírus, a insegurança alimentar atingia 36,7%.