Crise dos servidores: mesmo com reajuste, descontentamento ainda persiste; entenda

Depois de meses pressionado pelos servidores, o governo anunciou um reajuste linear de 5%, a ser dado a partir de julho. Muitos sindicatos e associações representantes dos servidores, no entanto, afirmam que o valor é baixo e indicam que a mobilização por um reajuste maior continuará.

“Na nossa opinião, o reajuste de 5% é muito pouco, haja vista a inflação acumulada do governo Bolsonaro já ser superior a 20%. Tal proposta, se for concretizada, pode significar negociação, mas para nós é insuficiente”, declarou Fabio Faiad, presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Servidores do Banco Central). A categoria representada por ele é uma das que mais se mobilizaram e deve continuar em greve.

Thiago Duarte Gonçaves, diretor da Fenajufe (Federação dos Trabalhadores do Judiciário Federal), disse que a entidade se reunirá com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, e também entrará com ação na corte para “aprovar uma recomposição que esteja de acordo com a Constituição Brasileira”. Segundo ele, o reajuste de 5% “aprofunda o processo de corrosão da renda da categoria”.

Os servidores do Judiciário, assim como a maioria das categorias mobilizadas, pedem reajuste de 19,99%, valor necessário para repor as perdas com a inflação desde o início do governo Bolsonaro. “Tenho a impressão de que os servidores irão ficar revoltados, já que 5% equivalem à inflação apenas deste ano, praticamente”, comenta Amauri Fragoso de Medeiros, dirigente do Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior).

Algumas entidades acreditam que o valor anunciado pelo governo pode ser apenas um ensaio, para medir a reação dos servidores. De todo modo, ele já teria impacto fiscal (R$ 7,9 bilhões neste ano, de acordo com o governo) bem superior às propostas que estavam sendo avaliadas antes: não dar reajuste para nenhuma categoria; conceder aumento por meio de vale-alimentação para todas as categorias; dar reajuste apenas para policiais e servidores da Receita Federal e do Judiciário.

Os policiais federais, que receberam a promessa do presidente Bolsonaro, ainda em dezembro do ano passado, de um reajuste maior, também estão descontentes. “O discurso do governo, desta forma, é vazio, pois não valoriza as forças de segurança da União, nem a PF. Tudo demonstra que a PF não é prioridade para este governo e que mentiras foram ditas”, declarou Tania Prado, presidente do SINDPF SP (Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo).

Amaury Nogueira
Nascido em Manga, norte de Minas Gerais, mora em Belo Horizonte há quase 10 anos. É graduando em Letras - Bacharelado em Edição, pela UFMG. Trabalha há três anos como redator e possui experiência com SEO, revisão e edição de texto. Nas horas vagas, escreve, desenha e pratica outras artes.
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