- Cenário de aumento da taxa Selic tende a favorecer a renda fixa;
- A LIG é um título lastreado por créditos imobiliários;
- Os ganhos da LIG podem estar atrelados a alguns índices.
Por conta do ciclo de aumento da taxa Selic, muitos investidores passaram a buscar mais oportunidades na renda fixa. Ao procurar mais segurança e diversificação na carteira, deve haver maior interesse pela Letra Imobiliária Garantida (LIG).
Ao Valor, o presidente do Fórum de Distribuição da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), José Ramos Rocha Neto, afirma que inserir a LIG na carteira uma grande opção pela possibilidade de ganhos reais. Isso porque não há sinal de que os juros cairão no curto prazo.
Em 2021, quando a taxa Selic estava a 9,25% em dezembro, foi pausada a tendência de aumento em investimentos de renda variável. Esse cenário não acontecia desde 2017.
Na outra ponta, a Letra Imobiliária Garantida movimentou R$ 26,3 bilhões. Dentro da renda fixa, essa foi a segunda maior variação em patrimônio líquido (volume financeiro total).
Já em janeiro deste ano, com a Selic a 10,75%, o total de liquidações de LIG no setor de varejo somou mais de R$ 4 bilhões e no private, R$ 45 bilhões.
O público com mais dinheiro — com patrimônio acima de R$ 3 milhões — segue concentrando as aplicações no título bancário lastreado em carteira imobiliária. Contudo, o perfil dos interessados tem modificado.
Rocha Neto declara que a maturidade do private para investimentos de longo prazo favoreceu para os bancos começarem a oferta por esse público, e aumentarem as transações em volume, em meio ao crescimento do crédito imobiliário, em um segundo momento.
Ao estabelecer uma linha do tempo do investimento, o executivo considera que a LIG, agora, está em sua terceira fase — com o ‘boom’ de investidores de varejo. Estes procuram papéis de renda fixa para aproveitar o aumento de juros global, e a inflação no cenário interno.
O que é a Letra Imobiliária Garantida (LIG)
A Letra Imobiliária Garantida (LIG) é um título lastreado por créditos imobiliários. Sua emissão é destinada a financiar o mercado habitacional, que depende bastante de recursos contingenciados da poupança (sistema SBPE) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
O título pode ser emitido por bancos, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento ou investimento, empresas hipotecárias e associações de poupança e empréstimo.
A LIG foi desenvolvida com a proposta de incentivar o mercado imobiliário brasileiro, com base no modelo reconhecido no exterior de covered bounds.
O título possui uma carteira de ativos que lastreia e garante os títulos, uma vez que se torna um patrimônio à parte da instituição emissora — dedicado exclusivamente à Letra Imobiliária Garantida.
A LIG possui isenção de Imposto de Renda para investidores locais e estrangeiros. Além disso, esse título promove novidades em comparação aos demais instrumentos de capitalização do mercado. A Letra Imobiliária Garantida carrega uma possível rentabilidade atrelada à variação cambial.
Este é o único título de captação bancária não antecipado automaticamente na hipótese de quebra da instituição emissora. Caso isso ocorra, a carteira de ativos suprirá os devidos pagamentos aos investidores. Neste caso, o agente fiduciário assumirá a administração do título e da carteira.
Durante a vida de uma LIG, este mesmo agente fiduciário cuida dos interesses dos investidores. Ele monitora as condições do título e da carteira de ativos.
Conforme indicado em lei, a LIG precisa ser depositada em um depositário central permitido pelo Banco Central. Com isso, a B3 mantém o controle de toda a cadeia de negócios da Letra Imobiliária Garantida — de forma a oferecer segurança das emissões.
Retorno da LIG
O investidor, que segue a performance dos ativos do mercado imobiliário, já possui uma primeira sinalização sobre qual pode ser o retorno oferecido. Isso porque se baseia em ativos de lastros únicos.
Os ganhos da Letra Imobiliária Garantida podem estar atrelados à indexação cambial; pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial da inflação; e também pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M).
No entanto, a maioria deles tem vínculo com o CDI, grande parâmetro de referência para as aplicações de renda fixa. Essa é a taxa utilizara parar empréstimos entre bancos. Isso deve continuar assim por bastante tempo.