Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, resolveu tirar férias até a próxima segunda, 4. Até lá, de acordo com uma publicação no Diário Oficial, seu cargo será ocupado pelo diretor Otavio Damaso (regulação). Enquanto isso, os servidores da autarquia marcaram o início da greve para hoje, 1º de abril, por tempo indeterminado para reivindicar reajuste e restruturação da carreira.
Segundo o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central do Brasil), Robertos Campos Neto viajou para Miami, nos Estados Unidos. “Infelizmente, nessa hora tão importante, o presidente do BC viajou de férias para Miami, o que não ajuda para encontrarmos uma solução para a crise”, afirmou o presidente da entidade, Fabio Faiad ao Valor Investe.
Em sua visão, a presença de Campos Neto seria importante para uma possível negociação.
“Numa hora de importante negociação, ele deveria estar aqui. A presença física dele para convencer parlamentares é muito importante. A proximidade dele com o presidente Bolsonaro e com o ministro Paulo Guedes também é crucial. À distância não vai ter tanta força, então a gente lamenta ele não estar aqui”, disse Faiad.
Mesmo que a ausência do presidente do BC seja curta, a categoria não gostou de ver o presidente fora do país no começo da mobilização. Os servidores vem comentando internamente que ele teria viajado pro exterior em um momento complicado, de acordo com a apuração do Valor.
Os funcionários criaram em seus grupos no WhatsApp uma hashtag #partiumiami, como uma maneira de criticar esta decisão de Neto. Além de estar fora neste começo de greve, o presidente do Banco Central ficou ausente no aniversário da autarquia, que completou 57 anos nesta quinta, 31.
A categoria vem, desde o dia 17 de março, realizando paralisações todos os dias entre às 14h e 18h e também a operação-padrão, também conhecida como operação-tartaruga, em que as equipes fazem os trabalhos de maneira mais lenta, decisão que já causou atraso de diversas publicações importantes do BC.
Eles reivindicam um reajuste de 27%, além de reestruturação das carreiras do Banco Central, que não tem impacto financeiro ao governo. A medida passaria a exigir nível superior para o cargo de técnico, que hoje é de nível médio, e mudaria a nomenclatura de analista para auditor.