Desde o começo do ano, o real vem se valorizando em relação ao dólar. Na última semana, a moeda estrangeira apresentou redução de 5,37%, sendo cotado a R$ 4,7466. Apesar deste cenário, especialistas consultados pelo Valor acreditam que a queda do dólar não deve durar muito mais tempo.
Alguns fatores vêm fazendo com que a moeda norte-americana caia em relação ao real. Os motivos são o aumento da taxa Selic, elevação das commodities, saída de investimentos da Rússia e leste da Europa — devido à guerra — à procura de mercados emergentes, e também a Bolsa de Valores brasileira barata.
Queda do dólar não deve durar muito mais tempo
Segundo especialistas ouvidos pelo Valor, os fundamentos seguem a apontar para o real ainda mais apreciado.
Apesar disso, alguns fatores trazem riscos de aumento do dólar futuramente — como o processo de aperto monetário nos Estados Unidos e a um possível alívio da guerra entre Rússia e Ucrânia, além das eleições presidenciais.
De acordo com o economista do banco BV, Carlos Lopes, neste momento, as razões que oferecem apoio ao real não devem seguir atuando fortemente durante o ano.
Ele considera que não há a expectativa de aumento contínuo das commodities. O economista ressaltou o entendimento de que ocorreu uma alteração de nível — e o real é favorecido por isso.
Contudo, o Lopes informa que o fluxo financeiro também não possui motivos para seguir vindo. Isso porque já foi observada uma correção nos preços dos ativos no Brasil.
O economista do BV ainda considera que a retirada de estímulos no exterior tem trazido um visível enxugamento de liquidez nos mercados mundiais.
Ao adicionar também o aumento de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), os mercados emergentes enfrentam um cenário mais desafiador.
Lopes considera que poderia ser sustentável. Contudo, para isso, seriam necessários valores de commodities sustentados e alívio do panorama político.
Conforme o economista chefe da Greenbay Investimentos, Flavio Serrano, o dólar pode retomar parte do movimento recente em caso de maior desaceleração da economia mundial nos próximos meses, agravamento da guerra ou problemas políticos locais.