O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou ontem o resultado do quarto trimestre de 2021 da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (Pnad Contínua). O documento aponta para uma queda no desemprego, mas com regressão na renda média do trabalhador.
A taxa de desocupação do período analisado ficou em 11,1%, o que significa um recuo de 1,5 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, quando foi registrado 12,6%. Considerando todo o ano de 2021, a taxa ficou em 13,2%, um pouco menor que os 13,8% registrados em 2020.
Segundo o IBGE, esse recuo expressivo no desemprego se deve ao aumento de contratações que costuma ocorrer no final de ano. Mas, também, ele demonstra que a economia está de fato se recuperando dos impactos da pandemia de Covid-19. No quarto trimestre de 2019, portanto, antes da pandemia, a taxa de desocupação ficou em 11%.
Por outro lado, a renda média do trabalho recuou 3,6% em relação trimestre anterior, o que fez o índice chegar ao pior nível desde 2012, quando começa a série histórica. Os trabalhadores ocupados fecharam 2021 com uma renda média de R$ 2.447.
A queda anual da renda média foi ainda maior: -10,%. Isso equivale a menos R$ 295 a menos em relação ao último trimestre de 2020.
Ou seja, os brasileiros estão conseguindo recuperar empregos, mas com salários cada vez menores.
Informalidade continua alta
O nível de emprego aumentou em praticamente todos os setores da economia. Construção, comércio e serviços domésticos foram os maiores responsáveis por novas contratações, enquanto o desempenho na indústria se manteve estável.
Os empregos formais no setor privado cresceram 2,9% em relação ao trimestre terminado em setembro. Mas o avanço do emprego informal foi maior, de 6,4%, embora, em termos absolutos, a crescimento tenha sido menor (753 mil, contra 987 mil de empregos formais).
Desse modo, trabalhadores sem carteira assinada passaram a representar 40,1% de todos os trabalhadores ocupados. Além disso, também cresceu o trabalho por conta própria (1,9%) e o emprego doméstico (6,4%).
“O crescimento da informalidade nos mostra a forma de recuperação da ocupação no país, baseada principalmente no trabalho por conta própria. Tanto no segundo semestre de 2020 quanto no decorrer de 2021, a população informal foi a que mais avançou”, afirmou a coordenadora da pesquisa, Adriana Berenguy.