Nesta segunda-feira, 14, o presidente da República, Jair Bolsonaro, parte junto de sua comitiva em uma viagem à Rússia. No entanto, a decisão por fazer tal visita justo em meio a um cenário tão conturbado tem gerado alguns questionamentos.
Por isso, é importante esclarecer que o principal motivo desta viagem consiste em um encontro pré-agendado com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, os planejamentos sobre esta reunião já haviam sido iniciados ainda em 2021 junto à tensão primária nas fronteiras com a Ucrânia.
Diante da nítida intenção e empenho do presidente da Rússia em promover uma invasão ao país vizinho a qualquer instante, líderes políticos de todo o mundo enxergam nessa aproximação uma oportunidade para amenizar a situação. O encontro também teria o papel de declarar o posicionamento negativo do Brasil em relação ao conflito.
A intenção do governo brasileiro é a de que este sinal seja visto e entendido, especialmente, pelos Estados Unidos da América (EUA), que recentemente se consolidou como o segundo maior parceiro comercial do Brasil.
A situação também incluiu as potências europeias que compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), pois ambos estão empenhados no propósito de revidar uma ofensiva russa em território ucraniano.
Especialistas do comércio exterior reforçam a importância sobre este encontro entre dois dos cinco membros do Building Better Global Economic BRICs, tendo em vista a existência de uma vasta gama de oportunidades comerciais que hoje são subutilizadas, podendo ser ampliadas entre o Brasil e a Rússia.
Na visão do ex-secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, a Rússia é um mercado importante composto por 140 milhões de habitantes. “O Brasil tem interesse em aumentar as exportações para lá, principalmente em alimentos, e há a possibilidade de que, dentro dos BRICS tenha algum tipo de cooperação”, declarou.
Vale lembrar que há 20 anos atrás, a Rússia foi a maior compradora de carnes, sobretudo suína, do Brasil. No entanto, esta relação comercial tornou- se cada vez mais escassa à medida que os russos começaram a trabalhar em autossuficiência. Enquanto isso, no Brasil, os produtores passaram a se ocupar com negócios maiores que o da Rússia, como a ascensão da China, por exemplo.
Em 2021, o Brasil vendeu um total de US$ 1,7 bilhão em produtos para a Rússia, o correspondente a 0,6% das exportações totais. Esta foi a menor participação em cerca de duas décadas. O resultado foi deixar o país com a nona maior população do mundo entre 26 destinos de exportação do Brasil.