Enquanto o país vivencia novo pico de contágio na pandemia, trabalhadores são intimados a irem para seus serviços positivados para doença. Uma reportagem especial da Folha de São Paulo revelou que há patrões que estão convocando seus funcionários sem respeitar as restrições de isolamento. A prática tem sido respaldada pelo Governo Federal. Entenda.
A dois anos vivenciando a pandemia do novo coronavírus, o brasileiro vem lidando com constantes variantes da doença que geram um novo ciclo de contágio. A nova onda, intitulada de ômicron, apresenta sintomas mais leves de modo que os empregadores obriguem seus funcionários a trabalharem doentes.
Denúncia de intimidação
Uma reportagem da Folha de São Paulo contou a história de Mariana, uma funcionária de determinada empresa privada que ouviu de seu patrão que ela não deveria chegar perto da colega de trabalho pois a mesma estava com covid.
A cidadã foi obrigada a manter suas atividades, sob a justificativa de que estaria com sintomas leves que não comprometeria a realização do trabalho. Com relação ao contágio, o chefe orientou os demais funcionários a não chegar perto dela. Ainda assim, três novas pessoas foram infectadas, inclusive Mariana.
“Estou desde sexta-feira com dor no corpo, náusea e quase sem voz. Soube na segunda que mais quatro pessoas estão com suspeita de Covid e estão trabalhando. Ainda não sei o que fazer”, diz Mariana.
Panorama da pandemia
A nova onda da covid, ômicron, está em uma rápida expansão por todo o país. Seu tempo de contaminação é ainda mais veloz que as versões anteriores da doença, porém com o início da campanha de vacinação os sintomas são mais amenos.
“Estamos cercados de casos positivos. O que importa é que, independentemente de não haver tantas internações ou óbitos, a primeira obrigação do empregador é cumprir a lei”, diz o procurador-geral do trabalho José de Lima Ramos Pereira.
“A relação trabalhista tem direitos e obrigações do empregador, e uma delas é manter o ambiente saudável e seguro.”
Governo aprova redução do tempo de isolamento
Mesmo com o contágio em alta, o presidente Jair Bolsonaro aprovou, na última terça-feira (25), a redução do tempo de isolamento. A população agora pode ficar ausente do trabalho por 7 dias e não mais 10.
“No mundo perfeito, o trabalhador comunica a contaminação ou a suspeita ao RH ou ao departamento médico, manifesta o desejo de fazer o home-office, nos casos em que isso é possível. No mundo real, esse trabalhador fica sob risco de ser dispensado”, afirma o chefe do Ministério Público do Trabalho.