Desemprego recuou no último trimestre, mas rendimento real é o menor da história; entenda

Pontos-chave
  • O índice de desemprego no Brasil fechou em 11,6% no trimestre que finalizou em novembro;
  • Esse dado mostra uma diminuição em comparação aos 13,1% registrados no trimestre anterior;
  • Apesar do índice de novembro ser o menor desde janeiro de 2020, 11,2%, ainda há 12,4 milhões de brasileiros desempregados;

O índice de desemprego no Brasil fechou em 11,6% no trimestre que finalizou em novembro. Esse dado mostra uma diminuição em comparação aos 13,1% registrados no trimestre anterior. Quando comparado ao mesmo trimestre de 2020, que foi de 14,4%, a redução é maior ainda.

Apesar do índice de desemprego do mês de novembro ser o menor desde janeiro de 2020, 11,2%, ainda há 12,4 milhões de brasileiros desempregados. Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mesmo com a diminuição do desemprego, as pessoas estão recebendo menos. No último trimestre, o rendimento real, descontando a inflação, foi R$ 2.444, já o trimestre anterior, foi R$ 2.559, é uma queda de 4,5%. Dentro de um ano, a queda foi ainda maior, de 11,4% (R$ 2.757).

Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE: “Isso significa que, apesar de haver um aumento expressivo na ocupação, as pessoas que estão sendo inseridas no mercado de trabalho ganham menos. Além disso, há o efeito inflacionário, que influencia na queda do rendimento“.

O aumento dos empregos no trimestre foi graças ao comércio e reflete o aumento de vagas para o fim de ano, o que é esperado nesse período. Porém, quando comparado ao mesmo trimestre de 2020, o desemprego diminuiu 14,5% (menos 2,1 milhões de pessoas em busca de trabalho).

De acordo com o IBGE, a população em situação de desemprego soma 29,1 milhões, uma diminuição em relação aos 32,7 milhões registrados um ano antes. Essa população é das pessoas desempregadas, que trabalham menos do que poderiam e que não buscam emprego mesmo quando disponíveis para trabalhar.

Nenhuma área teve aumento nos rendimentos

Nenhum dos grupamentos de atividades teve crescimento no rendimento médio real habitual, frente ao trimestre anterior, mas houve quatro reduções:

  • Indústria (6,1%, ou menos R$ 155);
  • Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (4,0%, ou menos R$ 146);
  • Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (7,1%, ou menos R$ 270);
  • Serviços domésticos (2,3%, ou menos R$ 22).

Os demais grupamentos não mostraram variações significativas. Na comparação anual, também não houve crescimento no rendimento de qualquer grupamento, mas seis deles mostraram reduções:

  • Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (7,1%, ou menos R$ 116);
  • Indústria (15,5%, ou menos R$ 439);
  • Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (9,5%, ou menos R$ 206)
  • Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (9,4%, ou menos R$ 363);
  • Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (12,8%, ou menos R$ 520);
  • Serviços domésticos (4,4%, ou menos R$ 43).

Taxa de desemprego caiu

O número de pessoas ocupadas teve uma subida de 3,5% quando comparado ao trimestre finalizado em agosto de 2021. Isso quer dizer que são  mais 3,2 milhões de pessoas inseridas no mercado de trabalho.

A coordenadora do IBGE explica que: “esse resultado acompanha a trajetória de recuperação da ocupação, que pudemos ver nos últimos trimestres da série histórica da pesquisa. Esse crescimento também já pode estar refletindo a sazonalidade dos meses do fim de ano“.

De acordo com o IBGE, o nível de ocupação (a porcentagem de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi estimado em 55,1 pontos percentuais, uma subida de 1,7 ponto percentual em comparação ao trimestre anterior.

Alta é maior entre trabalhadores sem carteira assinada

Conforme o IBGE ocorreu um aumento de 7,4% na quantidade de trabalhadores sem carteira assinada trabalhando no setor privado (são mais de 838 mil pessoas). A subida é de 18,7% em comparação ao mesmo período do ano passado.

A quantidade de trabalhadores por conta própria também teve um aumento: a subida foi de 588 mil de pessoas (2,3%) em relação ao último trimestre e de 3,2 milhões de pessoas (14,3%) comparado ao trimestre que finalizou em novembro de 2020.

A taxa de empregos informais foi de 40,6 pontos percentuais e se manteve estável quando comparado ao trimestre anterior, mas mesmo assim houve aumento na quantidade de trabalhadores informais.

Do crescimento de 3,2 milhões de trabalhadores no número de pessoas ocupadas, 43% vieram do trabalho informal. Então, embora a informalidade continue se destacando na expansão da ocupação, a participação do trabalho formal no setor privado vem aumentando”, afirma Beringuy.

Desse modo, a quantidade de trabalhadores com carteira de trabalho no setor privado teve um aumento de 4% comparada ao trimestre encerrado no mês de agosto, esse número representa 1,3 milhão de pessoas.

Glaucia Alves
Formada em Letras-Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atuou na área acadêmica durante 8 anos. Em 2020 começou a trabalhar na equipe do FDR, produzindo conteúdo sobre finanças e carreira, onde já acumula anos de pesquisa e experiência.