De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), cerca de metade dos acordos salariais realizados no último ano ficaram abaixo da inflação.
O Dieese avalia as negociações inseridas na base de dados do Mediador do Ministério do Trabalho desde 2018. De acordo com o órgão, o último ano foi obtido o pior resultado dos últimos quatro anos de análise.
De acordo com o Dieese, cerca de metade dos acordos salariais firmados no ano passado estão abaixo da inflação. Considerando uma série de análise mais longa que iniciou em 1996 o resultado foi o mais fraco desde 2003. Esse levantamento possui uma amostra menor, com apenas 800 categorias.
Segundo o sociólogo Luís Ribeiro, técnico responsável pelo Sistema de Acompanhamento de Contratações Coletivas do Dieese, “Antes de 2018, a gente trabalhava com um painel mais restrito, que incluía as principais negociações”.
Entre 1996 e 2002, o quantitativo de acordos que ficavam abaixo da inflação era cerca de 40%. Já em 2003, enquanto a inflação estava em alta, 58% das negociações ficaram abaixo do INPC. A partir de 2004 até 2014, a maioria das negociações ficou acima da inflação.
Em 2015 esse quadro começou a ficar ruim, devido à recessão, piorando ainda mais com a pandemia e a alta do desemprego em 2020. Segundo o economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi, “É um cenário delicado que resulta da combinação de inflação alta com grande ociosidade no mercado de trabalho”.
A análise feita pelo Dieese em 2021 constatou que 47,7% dos acordos salariais do ano passado ficaram abaixo da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O INPC fechou 2021 com alta de 10,16%. Em contrapartida, apenas 15,8% das negociações salariais superaram o INPC. 36,6% dos contratos fecharam com o mesmo valor da inflação acumulada no ano.
Segundo a base de dados do Mediador do Ministério do Trabalho avaliados pelo Dieese, o reajuste médio de 16,3 mil acordos trabalhistas concluídos e inseridas até 6 de janeiro ficou em 0,86% abaixo do INPC.
Esse cenário impacta no consumo, mercado de trabalho e, até mesmo na inadimplência. Com isso, os consumidores brasileiros priorizam a compra de itens básicos e essenciais. Assim, segundo Imaizumi, “É menos dinheiro injetado na economia”.