O governo federal anunciou o Auxílio Brasil como uma grande resposta ao problema da pobreza no país, com cobertura e valor maiores que o Bolsa Família. Com relação ao Bolsa Família, os principais objetivos foram alcançados, já que o número de beneficiários e o valor médio do benefício cresceram (por outro lado, há incertezas quanto ao futuro do programa, garantido apenas até o fim de 2022).
Porém, com a extinção do auxílio emergencial, uma grande massa de brasileiros ficou sem ajuda financeira do governo e teve sua renda diminuída drasticamente. Em 2020, esse programa atendeu cerca de 68 milhões de pessoas, número que diminuiu para 39 milhões em 2021. A imensa maioria deles não deve ter entrado no Auxílio Brasil.
Segundo levantamento da Folha de São Paulo, em mais de mil municípios, a queda no número de pessoas atendidas por benefícios federais supera 75% desde a criação do Auxílio Brasil.
Ou seja, nesses municípios, de cada 4 pessoas que recebiam auxílio emergencial ou Bolsa Família, apenas uma passou a receber o Auxílio Brasil e o restante ficou sem benefícios. E o vale-gás, que começa a ser pago amanhã, não deve mudar muito esse quadro.
A região com mais municípios nessa situação é a Sul. Nela, 564 municípios têm 75% ou mais de diminuição no número de beneficiários. Depois, vem a região Sudeste, com 356 localidades, e a região Centro-Oeste, com 92. As regiões Norte e Nordeste, que já possuíam um maior número de cadastrados no Bolsa Família, foram as menos impactadas.
O que diz o governo
Segundo o Ministério da Cidadania, não é correto comparar auxílio emergencial e Auxílio Brasil, pois são programas bem distintos, com objetivos e critérios diferentes. Enquanto o primeiro visava atender a situação de emergência provocada pela pandemia, o segundo visa resolver a questão da pobreza e extrema-pobreza numa perspectiva de longo prazo.
Impacto econômico do fim do auxílio emergencial
O fim do auxílio emergencial pode ter sido precoce, já que os indicadores econômicos, sobretudo o desemprego, ainda não retornaram ao nível pré-pandemia.
O impacto para a economia brasileira deve ser significativo, uma vez que o valor total destinado ao Auxílio Brasil (cerca de R$ 90 bilhões em 2022) é bem menor que o destinado ao auxílio emergencial (R$ 395 bilhões entre 2020 e 2021). Nos municípios em que haverá redução drástica do número de beneficiários, esse impacto deve ser maior.