A Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) recebeu nesta sexta-feira (7) aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para produzir o insumo da vacina da Astrazeneca. Anteriormente, a instituição precisava importar o IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) para só então produzir a vacina aplicada aqui no Brasil.
Com a medida, a expectativa é que o país ganhe maior autonomia na produção e na aplicação do imunizante. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, comemorou o aval e ressaltou a sua importância:
“A pandemia de Covid-19 deixou claro o problema da dependência dos insumos farmacêuticos ativos para a produção de vacinas. Com essa aprovação hoje pela Anvisa, conquistamos uma vacina 100% produzida no país e, dessa forma, garantimos a autossuficiência do nosso Sistema Único de Saúde para essa vacina […]”
A Fiocruz vem produzindo a AstraZeneca desde dezembro de 2020, sendo que o imunizante recebeu a primeira aprovação da Anvisa em 17 de janeiro de 2021. O laboratório carioca, entretanto, necessitava esperar a importação dos insumos, normalmente da Índia ou China, para dar sequência ao processo produtivo.
Devido a isso, a produção da vacina da AstraZeneca chegou a ser interrompida em alguns momentos, por falta do IFA. Agora, com o todo o processo sendo nacional, problemas dessa natureza deixarão de ocorrer e a vacinação será impulsionada.
Caminho até aprovação pela Anvisa
A Fiocruz assinou um contrato com o laboratório anglo-sueco AstraZeneca em agosto de 2020, prevendo a transferência de tecnologia para o laboratório brasileiro. O processo, no entanto, sofreu alguns atrasos e só agora está sendo concretizado.
Em abril do ano passado, a Fiocruz recebeu da Anvisa um certificado de Boas Práticas de Fabricação, o que autorizava a instituição a produzir doses piloto na unidade em Manguinhos (RJ). Pouco depois, em junho, o contrato final da transferência de tecnologia foi assinado e o pedido para aprovação definitiva da produção do insumo foi feito em novembro.
Eficácia da vacina da Fiocruz
A Fiocruz apresentou estudo à Anvisa demonstrando que a produção nacional não fazia o nível de eficácia da vacina diminuir e isso contou para a aprovação pela agência.
Com relação à eficácia contra a variante ômicron, estudos feitos pela AstraZeneca demonstraram que uma terceira dose do imunizante dessa farmacêutica é eficiente contra a nova variante do coronavírus. Por outro lado, apenas as duas primeiras doses dessa vacina não garantem uma boa resposta imunológica contra a nova cepa.