Não faltou aviso! Guedes alertou Bolsonaro sobre efeito cascata dos reajustes salariais

A estratégia usada por Bolsonaro para conseguir espaço no Orçamento de 2022 e assim dar reajustes salariais aos policiais federais já começou a atingir outros setores. Servidores da Receita Federal e do Banco Central ameaçam o governo. Porém, essa reação não surpreende o presidente que foi alertado por Guedes.

Os reajustes salariais da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal foi uma estratégia do governo para minimizar as manifestações e críticas da categoria. Para isso, foi realizada uma articulação política para conseguir espaço no Orçamento de 2022.

Sendo assim, o governo se comprometeu em antecipar a compra das vacinas contra a Covid-19 previstas para 2022 ainda neste ano. Assim, o dinheiro reservado para o ano que vem pôde ser direcionado para os reajustes salariais dos policiais federais.

Porém, essa estratégia desagradou outras categorias de servidores que se viram excluídos e agora também exigem reajustes salariais. Para piorar, essa situação foi alertada pelo ministro Guedes ao presidente da república.

Guedes alertou Bolsonaro pessoalmente e diversas vezes sobre o efeito cascata de revolta entre os servidores. Cerca de 1 milhão de servidores ativos, aposentados e pensionistas estão com a remuneração congelada há cinco anos.

Os servidores da Receita Federal e do Banco Central enviaram a Guedes um aviso informando se o governo só realizasse reajustes salariais aos policiais federais haveria uma reação. O ministro apresentou o aviso ao presidente que ignorou.

Após isso, Bolsonaro pressionou o relator do Orçamento de 2022, o deputado Hugo Leal, que acabou cedendo e separando R$ 1,7 bilhão para os reajustes salariais dos agentes de segurança no ano que vem.

Para evitar que o problema caísse sobre si, o ministro se manteve distante durante as negociações que envolveram o Orçamento. A estratégia foi evitar contato com os parlamentares.

Guedes foi pressionado pelo presidente e pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, para que houvesse aumento de servidores. Porém, o ministro da Economia sempre se mostrou contrário a essa ação.

Publicamente chegou a dizer que o aumento de servidores em ano eleitoral não era algo adequado a ser feito e que é uma má ação para as gerações futuras. Mesmo assim, o ministro cedeu à pressão e enviou ao Congresso Nacional um pedido de reserva de R$ 2,5 bilhões para os reajustes salariais dos policiais.

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Glaucia Alves
Formada em Letras-Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atuou na área acadêmica durante 8 anos. Em 2020 começou a trabalhar na equipe do FDR, produzindo conteúdo sobre finanças e carreira, onde já acumula anos de pesquisa e experiência.