Os auditores fiscais agropecuários estão indignados com o reajuste previsto no orçamento de 2022 para servidores da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Depen (Departamento Penitenciário Nacional). Eles se somam a outros servidores federais, como auditores fiscais da Receita e funcionários do Banco Central, que também ficaram de fora do reajuste.
Em um comunicado, o ANFFA Sindical, sindicato que representa a categoria, expressou sua insatisfação com o fato e avisou que uma assembleia foi marcada para a próxima segunda-feira (27), podendo-se decidir por uma greve:
O sindicato protesta contra o fato de o Executivo e o Congresso Nacional deixarem os profissionais de fora da verba de R$ 1,7 bilhões, destinada a outras carreiras federais […] Por esses motivos, a categoria, indignada por ter sido prejudicada na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022, marca assembleia que pode resultar na paralisação das atividades de fiscalização.
Os auditores fiscais agropecuários, assim como os outros servidores que ficaram de fora da medida, não ganham reajuste desde 2019. No comunicado, o ANFFA Sindical argumenta que os fiscais prestam um serviço essencial para o país e que, por isso, não poderiam ter ficado de fora:
Durante o ápice da pandemia de Covid-19, por exemplo, os auditores garantiram a circulação de produtos agropecuários inspecionados e mais seguros para o consumo da população brasileira e para o mundo, evitando riscos de desabastecimento.
Falta de servidores e mais crise para o governo
O ANFFA Sindical também reclama do déficit de 1.620 fiscais agropecuários, que deveriam ter sido contratados por meio de concurso público.
O Ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia avisado Bolsonaro sobre o efeito que o reajuste poderia ter nas demais áreas do funcionalismo. Dentro da Receita Federal, que é subordinada à pasta do ministro, já são mais de 300 pedidos de demissão de delegados e chefes de divisão que reclamam de transferência de recursos do órgão para bancar o reajuste anunciado.
Bolsonaro havia requisitado R$ 2,9 bilhões para elevar salários de policiais federais e agentes penitenciários, categorias com as quais o presidente tem mais afinidade política e que podem ser decisivas na eleição de 2022. A Comissão Mista de Orçamento, no entanto, garantiu apenas R$ 1,7 bilhão para essa finalidade.