Argentina confirma congelamento de 1,2 mil produtos por três meses; ação ajudaria o Brasil?

Na última quarta-feira (13), o novo secretário de Comércio Interior da Argentina, Roberto Feletti, anunciou o congelamento de preços por três meses de 1.245 produtos. Parte desses itens compõe a cesta básica.

Para tentar frear a alta da inflação da Argentina, que supera 50% em 12 meses, os preços dos 1.245 produtos permanecerão sem alterações até o dia 7 de janeiro de 2022. Com isso, terão os mesmos valores do dia 1º de outubro deste ano de 2021.

Essa medida marcou o início das atividades oficiais de Feletti como novo secretário de Comércio Interior. Ele foi nomeado pelo presidente Alberto Fernández durante a reformulação do governo depois da derrota nas prévias das eleições legislativas de novembro.

De acordo com a imprensa argentina, o apelo foi realizado durante reunião do governo com cerca de 30 representantes das principais indústrias alimentícia e de outros produtos que compõem a cesta básica.

A decisão afeta os preços de produtos básicos do Programa de Preços Assistenciais, bem como uísque, rum, gim, vodka, conhaque, cerveja e champanhe. Além disso, de uma grande variedade de vinhos, ao todo 61 tipos diferentes na categoria.

Além das bebidas, também então presentes na lista de produtos que terão os preços congelados, os cremes anti-idade, os energéticos, 16 variedades de maionese, azeites entre outros itens de alimentação, higiene e limpeza.

Para o Brasil, com o congelamento dos preços argentinos, os itens importados poderão ser comprados sem preocupação com a inflação, uma vez que os preços serão fixos durante 90 dias. A não ser que Argentina diminua sua exportação o que afetaria o comércio brasileiro.

O anúncio do congelamento dos preços foi realizado antes que inflação de setembro fosse divulgada. As projeções do mercado mostram que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) irá subir 3% em relação ao mês anterior, isso após uma alta de 2,5% no mês de agosto.

A Argentina tem atualmente a segunda maior inflação da região (48,4%), ficando atrás somente da Venezuela (2.700%). O valor dos alimentos é justamente a principal causa dos protestos de organizações sociais e de trabalhadores que está acontecendo em Buenos Aires.

De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, o congelamento de preços, já utilizado aqui no Brasil no governo de José Sarney (1985-1990), comprovou sua ineficácia para controlar a inflação.

Segundo a economista, o congelamento funciona momentaneamente, no entanto, depois pode tornar tudo pior, pois a população pode acabar estocando alimentos com medo dos futuros reajustes de preços.

Entre na comunidade do FDR e receba informações gratuitas no seu Whatsapp!

Glaucia Alves
Formada em Letras-Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atuou na área acadêmica durante 8 anos. Em 2020 começou a trabalhar na equipe do FDR, produzindo conteúdo sobre finanças e carreira, onde já acumula anos de pesquisa e experiência.