Inscritos no Bolsa Família têm pior poder de compra em sete anos, diz pesquisa

A inflação é o critério utilizado para promover atualizações no âmbito financeiro, que vão desde o reajuste do salário mínimo ao preço de alimentos, insumos, aluguéis, etc. Até mesmo o Bolsa Família tem sido prejudicado pelo alto índice inflacionário.

Inscritos no Bolsa Família têm pior poder de compra em sete anos, diz pesquisa
Inscritos no Bolsa Família têm pior poder de compra em sete anos, diz pesquisa. (Imagem: FDR)

O programa tem o objetivo de assegurar melhores condições de vida a famílias em situação de pobreza e pobreza extrema através da educação, alimentação e saúde. No entanto, assim como a renda de quem tem direito ao programa, a oferta do Bolsa Família é mínima, por hora de R$ 189.

O Governo Federal tem se empenhado na aprovação de um novo programa social, o Auxílio Brasil, que será a transferência de renda substituta do Bolsa Família.

Enquanto isso, os beneficiários do programa são contemplados por parcelas que variam entre R$ 150, R$ 250 e R$ 375 pagas pelo auxílio emergencial.

De toda forma, o propósito do Bolsa Família está cada vez mais distante de ser cumprido, tendo em vista que o poder de compra dos brasileiros em geral, sobretudo desses beneficiários, atingiu um novo patamar, o pior no decorrer de sete anos.

A oferta atual do Bolsa Família possibilita a aquisição de apenas 30% dos componentes de uma cesta básica.

Vale destacar que este percentual atende às necessidades de apenas uma pessoa do grupo familiar. Este um terço da alimentação não é o suficiente nem mesmo para um indivíduo, quem dirá para toda a família.

Dados apurados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que a inflação atinge principalmente quem possui muito pouco ou quase nada. 

No acumulado de um ano, o índice inflacionário teve um aumento de 10,6% para as famílias cuja renda é extremamente baixa. Por outro lado, as famílias de classe alta contaram com um aumento na margem de 8%. Esses números apontam nitidamente que, quem ganha menos possui gastos muito maiores. 

O levantamento começou a ser feito no ano de 2015, época em que o Bolsa Família permitia que as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza conseguissem adquirir quase a metade de uma cesta básica mensal.

No entanto, em 2016, devido ao impeachment de Dilma Rousseff, o aumento da inflação deu um salto, fazendo com que os recursos oferecidos pela transferência de renda equivalesse a somente 39,4% de uma cesta básica.

Na oportunidade, a economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Patrícia Costa, comentou que a situação está diretamente ligada às decisões políticas e econômicas do Brasil. Ela ainda lembrou sobre o alto volume de exportações de alimentos durante a pandemia. 

“Então, no momento de uma crise sanitária, da qual você desconhece a proporção, você simplesmente continua exportando, quando o certo era diminuir esse movimento, como outros países fizeram. Mas, no Brasil, isso não aconteceu, porque aqui tudo foi tratado como uma ‘gripezinha’”, ponderou. 

Em uma lista que pesquisou a situação de 37 países, o Brasil ocupa o quinto lugar com a maior inflação já registrada até o mês de agosto de 2021.

Diante da alta de 0,87% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a taxa oficial atingiu 9,68% nos últimos 12 meses, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.