De acordo com um levantamento feito pela OTI (Organização Internacional do Trabalho), a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus deve se estender até pelo menos 2023. Estimulada pela alta no desemprego nos próximos dois anos.
O cálculo da organização divulgado nesta semana, relevou uma projeção de perda de 205 milhões de empregos até o final do ano que vem. A pesquisa também mostrou que somente em 2020, cerca de 187 milhões de pessoas perderam seus empregos.
“A pandemia de Covid 19 causou transtornos sem paralelo em todo o mundo através de seu impacto devastador na saúde pública, no emprego e na subsistência. Governos e organizações trabalhistas precisam tomar medidas para enfrentar a crise, preservar empregos e proteger a renda”, destaca a pesquisa.
Em um trecho do relatório “Emprego Global e Panorama Social: Tendências em 2021” explica que “o crescimento do emprego projetado será insuficiente para fechar as lacunas abertas pela crise da Covid-19 por pelo menos dois anos”.
Porém, a relação entre vagas de trabalho perdidas e os empregos criados está caindo. A pesquisa estima que a “lacuna de empregos” atingirá 75 milhões neste ano, antes de cair para 23 milhões em 2022. Neste ritmo, a criação de novas vagas de emprego só deve superar o desemprego em 2023.
Pandemia no Brasil
Segundo a OTI, a América Latina está entre as regiões mais impactadas pela crise econômica trazida pelo coronavírus. Renan Pieri, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que a razão disso foi a distribuição dos setores econômicos.
“Os países da América Latina possuem uma grande dependência do setor de comércio e serviços, dado que a indústria está em uma situação complicada, perdendo cada vez mais competitividade, e o setor agrícola gera pouco emprego”, disse.
Pieri diz que o varejo está entre os setores mais impactados pela crise econômica, o que causou grande queda nas vendas e o aumento das demissões.
Luiz Marcelo, diretor do Instituto Brasileiro de Direito Social, foi mais fundo e disse que os impactos causados pela pandemia foram sentidos mais fortemente nos países emergentes. Ele afirmou que o repasse de verbas para políticas públicas é ainda mais importante neste momento.