A retomada do auxílio emergencial está sendo esperada pelas famílias em dificuldade por conta da pandemia do coronavírus, e que estão sem renda após o fim dos pagamentos do benefício em 2020. Porém, o valor médio de R$250 que pode vir a ser pago é insuficiente para suprir as necessidades básicas das famílias.
Um dos complicadores foi a disparada da inflação, em especial, dos alimentos e combustíveis. Em 12 meses, o preço do óleo de soja subiu mais 90%, do arroz e do feijão quase 70%.
O economista da FGV André Braz fez os cálculos que revelaram a perda real de poder aquisitivo da população mais carente e que destina a maior parte do orçamento para as despesas com alimentação, transporte e moradia.
“A inflação corrói a renda das famílias. Se em 2020 você tinha R$ 250 para fazer o mercado, um ano depois o mesmo valor não compra mais os mesmos produtos. Ele conseguiria adquirir somente o equivalente a R$ 212. Em 12 meses, só os gêneros alimentícios subiram 17,7% em média”, diz André.
Os preços de outros itens, como combustíveis, também estão em alta prejudicando as finanças das famílias de baixa renda.
O preço do botijão de gás de 13 kg custa, atualmente, entre R$ 59,99 e R$ 105, com preço médio de R$ 75,04, de acordo com o levantamento semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O preço médio do botijão no início da pandemia estava em R$ 69.
A Diesse, por sua vez, calculou o preço dos itens que compõem a cesta básica para alimentar uma família de quatro pessoas, com o auxílio de R$250. O resultado mostra que esse valor não é o bastante para suprir as necessidades básicas das famílias.
“Esse dinheiro não consegue dar conta de uma família. Diariamente, o que dá pra comprar com o valor de R$ 250 é menos de um bife por dia, meio copo de leite, uma concha e meia de feijão, três colheres de arroz. Estamos falando aqui do básico. Como você alimenta as pessoas da família com isso?”, indaga Fausto Augusto Júnior, diretor técnico do Dieese.