- Apesar da pandemia, o crédito imobiliário vem crescendo;
- Isso, por conta das novas formas de financiamento que estão sendo ofertadas;
- Os interessados devem se organizar para escolher o melhor financiamento para o seu bolso.
O financiamento imobiliário bateu recorde no ano passado, e neste ano o mercado deve continuar crescendo. Embora não haja uma forte recuperação da economia e com uma possível alta nos juros, as expectativa são boas.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), a concessão de crédito para a casa própria este ano deve ter uma alta de 27%.
Mesmo com a crise que acabou sendo agravada pela pandemia causada pelo novo coronavírus, a quarentena aumentou o interesse de diversas famílias por imóveis que fossem mais confortáveis.
O que ajudou ainda mais foram os juros que estavam em queda livre e o surgimento de novos tipos de financiamento, que acabaram ampliando o acesso ao crédito.
No ano de 2020, foram cerca de R$ 124 bilhões de recursos da poupança financiando imóveis novos e usados, alta de 57% em relação ao ano anterior.
A presidente da Abecip, Cristiane Portela, avalia que a expansão se deve à queda do custo financeiro da taxa básica de juros (Selic),que está no seu patamar mais baixo,de 2% ao ano.
A expectativa dos economistas é que o Banco Central volte a subir a Selic neste ano, dependendo da inflação e da recuperação da economia, Cristiane acredita que os financiamentos continuarão atraentes, impulsionando o mercado imobiliário.
“A taxa de juros, sem dúvida, está na melhor condição que já tivemos. Uma queda de 11% para 7%, em média, significa uma prestação de R$ 500 a R$ 400 mais barata. O custo se aproximou do aluguel”, disse.
Mudanças de comportamento
Essa mudança de comportamento das famílias, que acabaram ficando mais tempo em casa, faz com que movimente a procura por imóveis maiores, com sonhos de consumo como home office e áreas de lazer para crianças.
Porém, a diversificação que criou novas linhas de crédito com custo financeiro mais baixo, ampliam o acesso daqueles que conseguiram manter o seu emprego, renda e a capacidade de poupar na pandemia.
O aumento nessa necessidade de se informar e planejar para identificar a melhor opção para cada perfil de renda, contexto familiar ou estratégia, no caso de quem compra imóvel para investir.
Tipos de correção ao financiamento imobiliário
Antes os compradores tinham à sua disposição apenas o financiamento com juros fixos, com a taxa referencial (TR) com as opções de amortização SAC ou Price.
Atualmente, os bancos oferecem opções que vão de taxas pré-fixadas às linhas indexadas à inflação medida pelo IPCA, ou ao rendimento da poupança, no qual embutem mais risco.
As quatro principais bases de correção de contratos de financiamento de imóveis estão disponíveis no mercado.
A mais antiga é a que usa a taxa fixa com ou sem correção pela Taxa Referencial (TR), que está zerada atualmente.
Uma das vantagens é que as prestações não sofrem muitas mudanças, mas os juros são mais altos, em média de 8%.
Já as outras opções possuem taxas mais baixas e correções com índices flutuantes, isso pode ser arriscado para os financiamentos mais longos.
O financiamento que corrige a dívida por meio da inflação, possuí taxas a partir de 2,95% mais o IPCA, que estava em 4,52% no ano de 2020.
A modalidade mais recente de financiamento é com a correção atrelada ao rendimento da caderneta de poupança. Essa taxa para o comprador parte de 3,99% mais a variação da poupança.
De acordo com a professora de Finanças da FGV, Myriam Lund, antes de fechar uma dívida de longo prazo como a compra de uma casa é preciso olhar o futuro que pode ser a chave do negócio.
Ela alerta que é preciso levar em conta a previsibilidade da taxa fixas mais TR.”Trazem menos risco. As que oferecem correção pela inflação ou poupança podem parecer mais vantajosas, mas se os índices subirem, como há sinalização no mercado agora, pode haver um descolamento da capacidade de pagamento.”, disse.
Prestação
Segundo Paulo Pôrto, professor da FGV e especialista em mercado imobiliário, o financiamento com o IPCA é mais indicado para os financiamentos de curto prazo e de preferência para os imóveis que são de até R$500 mil.
Já Gilson Oliveira, professor do MBA em Finanças do Ibmec RJ, a escolha deve ser feita após uma avaliação sobre renda e despesas da família no longo prazo.
“Um financiamento pode caber no bolso agora, mas não lá na frente. Ainda mais com as perspectivas de aumento dos juros futuros e da taxa Selic.”, explicou.