Fim do CadÚnico deve marcar dificuldade no acesso ao Bolsa Família 2021

Reformulação no acesso ao Bolsa Família deverá excluir milhares de brasileiros. Nas últimas semanas, fontes internas do governo federal informaram que o Ministério da Cidadania está trabalhando para alterar a gestão do Cadastro Único. A ideia é que todas as candidaturas deixem de ser feitas com o apoio das secretarias de assistência social, funcionando de forma totalmente digital.

Fim do CadÚnico deve marcar dificuldade no acesso ao Bolsa Família 2021 (Imagem: Reprodução/Google)

Um dos grandes efeitos do novo coronavírus tem sido a digitalização de uma série de serviços. Logo após lançar o Caixa Tem e renovar as funções do Meu INSS online, o governo vem trabalhando para encerrar o Cadastro Único presencial.

O programa funciona como porta de entrada em projetos como o Bolsa Família o que significa alteração no aceite da população.

O que é o Cadastro Único

Trata-se de uma espécie de banco de dados do governo federal onde são arquivados todos os informes da população de baixa renda.

Mais do que uma porta de entrada nos projetos sociais, o Cadastro Único funciona como um medidor e termômetro para a elaboração de novas políticas públicas sociais.

Por meio dele o ministério da cidadania consegue ter acesso a média de renda da população, contabilizar os índices de pobreza, fome, miséria, educação e mais.

Migração para o digital

Anteriormente o acesso ao cadastro único vinha sendo feito em parceria com as prefeituras. O cidadão que tivesse o interesse em se cadastrar na plataforma deveria ir até um centro de atendimento social de sua cidade para repassar todas as informações de identificação dele e de seus familiares.

Porém, a partir de agora o governo Bolsonaro deseja por fim a essa atividade presencial, recomendando que os brasileiros façam esse cadastramento através de um site ou aplicativo.

A página do atual Cadúnico, que vinha sendo usada como consulta e manutenção, agora deverá ser a única forma de acesso.

Riscos de exclusão pelo Bolsa Família

Apesar da iniciativa parecer positiva ela representa uma série de problemas. Cientistas sociais explicam que ao digitalizar a principal porta de entrada dos projetos sociais brasileiros, o governo federal deverá excluir parte significativa da população desses programas.

O motivo de tal afirmação é de que o Brasil está entre os países com a maior desigualdade econômica do mundo, o que significa dizer que a maioria dos segurados de projetos como o Bolsa Família não têm acesso a internet e demais plataformas digitais.

Antes da implementação de uma proposta de digitalização no CadÚnico, seria necessária uma triagem para entender como aplicar ações de inclusão digital para esse grupo. No entanto, o assunto vem sendo ignorado em Brasília, sem grandes possibilidades de debate.

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Eduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.