Como o fim do pagamento do auxílio emergencial vai refletir na economia do próximo ano?

O auxílio emergencial concedido pelo governo federal durante a pandemia do novo coronavírus neste ano foi de um tremendo “alívio” para famílias diretamente afetadas pela crise. Porém, o benefício tem data para acabar (31 de dezembro) sem chance de prorrogação para 2021, segundo o atual presidente Jair Bolsonaro. O próximo ano sentirá os impactos dessa decisão ainda no primeiro semestre.

Como o fim do pagamento do auxílio emergencial vai refletir na economia do próximo ano?
Como o fim do pagamento do auxílio emergencial vai refletir na economia do próximo ano? (Imagem: Reprodução / Google)

Cálculos são do economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, apresentados durante o Bradesco Day, apontam que o fim deste benefício irá reduzir em R$ 100 bilhões os recursos da massa salarial disponíveis para consumo no início de 2021.

Ainda em números, o impacto será de uma redução de 10% em relação à massa salarial que estava disponível para o consumo no terceiro trimestre deste ano, equivalente a R$ 1 trilhão.

Segundo Fernando Honorato, a expectativa é que a redução não tenha um impacto tão forte no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre.

“Houve um aumento de R$ 1 trilhão nos depósitos nos bancos, que saltaram de R$ 2,3 trilhões para R$ 3,2 trilhões durante a pandemia. A expectativa é que quando o auxílio emergencial acabar, os brasileiros comecem a sacar esse dinheiro da poupança, reduzindo o impacto no crescimento econômico”, explicou o economista.

Futuro da pandemia impacta na economia

Uma das possibilidades de estímulo à economia, segundo Honorato, seria ofertar juros mais baixos, maior oferta de crédito e redução dos depósitos compulsórios dos bancos para ajudar na recuperação.

O Banco Bradesco, por exemplo, acredita na retração de 4,5% no PIB deste ano e uma expansão de 3,5% para o próximo ano.

Quanto à possível segunda onda de contaminações provocada pela Covid-19, o economista acredita que a vacina Pfizer, que teve resposta de imunização de 90%, pode ser um alívio, desde que disponível no Brasil em 2021. “Isso vai determinar o ritmo de recuperação da economia”, disse.

Em relação ao quadro fiscal federal, que se agravou na pandemia, dados mostram que a relação dívida/pública PIB deve fechar 2020 em quase 100%, a maior relação entre os países emergentes.

Para Honorato, é possível trazer a dívida a um patamar maior, desde que seja cumprido o teto dos gastos de haja avanço na agenda de reformas.

“Entre as medidas que podem mudar esse quadro estão a aprovação do gatilho do teto de gastos, a PEC do Pacto Federativo, a PC Emergencial e as reformas administrativa e fiscal. Se as reformas avançarem, o Brasil sai fortalecido da pandemia”, afirmou.