Empresas começam a ter acesso ao crédito emergencial mais facilmente no terceiro trimestre

O crédito emergencial para empresas finalmente destravou no terceiro trimestre do ano, auxiliando a retomada da economia em um ritmo mais forte que o esperado, segundo os economistas. Programas de ajuda às empresas têm alcançado um terço das micro e pequenas empresas que buscam crédito.

Micro e pequenos empreendedores tiveram um acesso mais fácil ao crédito emergencial no terceiro trimestre (Imagem: Freepik)

Um levantamento mensal feito pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta um avanço do acesso ao crédito pela micro e pequena empresa (MPE) na comparação do início da pandemia com o fim de setembro.

Segundo o presidente da Associação das Instituições Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Luis Eduardo da Costa Carvalho, o aumento na liberação de empréstimos às empresas é um sinal de que “a economia está reagindo”.

“Se no início da pandemia se falava de possibilidade de queda de mais de 10% do PIB em 2020, hoje já falamos em recuo de metade disso no ano”, complementa Luis Eduardo.

Em abril deste ano, dentre as 7 milhões de micros e pequenas empresas, metade buscaram crédito e apenas 8% conseguiram a concessão. Já no fim do terceiro trimestre, o percentual de MPEs com acesso ao financiamento subiu quase quatro vezes, resultando em 31%.

Para se ter uma ideia, de agosto a setembro,  9% das MPEs conseguiram empréstimo bancário para manterem o negócio.

De acordo com o presidente do Sebrae, Carlos Melles, o que facilitou o acesso das MPEs que procuravam crédito foi a chegada do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).

Já as empresas de médio porte foram beneficiadas com o Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (Peac). Até agora, os programas já liberaram mais de R$ 110 bilhões.

Programas de apoio às empresas

O Pronampe é um programa de governo federal destinado ao desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte, instituído pela Lei nº 13.999, de 18 de maio de 2020.

As operações de crédito poderão ser utilizadas para investimentos e capital de giro isolado ou associado ao investimento.

O programa estabelece carência de até oito meses para o início do pagamento e prazo de 36 meses para quitar o empréstimo. Além disso, a taxa corresponde a taxa básica de juros (Selic) mais uma parte fixa de 1,25% ao ano.

O Peac foi aprovado pela Medida Provisória nº 975 e convertida na Lei 14.042, de 19 de agosto de 2020. É um programa de garantia que reduz riscos de inadimplência para as instituições financeiras concedentes do crédito.

Por meio deste programa é possível contratar crédito com a instituição financeira através das maquininhas eletrônicas.

Os contratantes do crédito serão isentos de tarifas, encargos ou de lucros casuais e estão dispensados da exigência de garantia real ou pessoal. A taxa de juros pode ser negociada livremente. Entretanto, a taxa média da carteira da instituição não pode exceder 1% ao mês.

Programas ajudaram MPEs à não fecharem

O levantamento do Sebrae também indicou que a ajuda do governo teve sucesso em impedir o fechamento de estabelecimentos. Segundo Melles, cerca de 5% das MPEs fecharam durante a crise causada pela chegada da covid-19. Mesmo que pequeno, o percentual representa 350 mil empresas que deixaram de existir.

O presidente do Sebrae relata que 83% das MPEs já retomaram as atividades, porém o faturamento está em torno de 50% comparado ao período anterior à pandemia.