- Vendas nos supermercados despencam com redução do auxilio emergencial;
- Brasileiros reduzem lista de compras para fechar o mês;
- Redes de alimento temem cenário negativo durante os próximos meses.
Feira dos brasileiros está mais cara, mostra pesquisas. Nas últimas semanas, diante da redução do auxílio emergencial, os supermercados estão tendo dificuldade para alavancar suas vendas. Com a inflação dos alimentos em alta e reajuste no valor do benefício, a lista de compras está cada vez mais reduzida e as previsões para as redes de atacarejos não são positivas.
A pandemia do novo coronavírus vem impactando diretamente toda a economia nacional. Parte significativa dos brasileiros estão dependendo de benefícios como o auxílio emergencial para manterem suas contas.
Contrapartida, o preço dos alimentos vem sendo reajustado mediante a alta da inflação, fazendo com que 10% das vendas caíssem nas últimas semanas.
O cenário de compras não tem se mostrado positivo desde meados de setembro. Assim que anunciado o auxílio emergencial e a necessidade de isolamento social, muitos supermercados viveram um período intenso de compras e movimentações.
No entanto, com a retomada das atividades e redução de R$ 300 no valor do auxílio, os produtos voltaram a ficar mais caros e as vendas estão caindo drasticamente.
“Este mês todo mundo está chiando porque a venda caiu muito”, afirma o diretor de mercado da Apas (Associação Paulista de Supermercados), Omar Assaf.
O representante explica que a redução no setor já era algo de se esperar. Desde que o governo anunciou os cortes do coronavoucher, em setembro, os representantes das redes de atacado passaram a organizar suas contabilidades para reduzir o efeito das quedas de vendas.
Estatísticas do mês
Em outubro, o primeiro mês onde a redução do auxílio passou a ser contabilizado, os números não são positivos. De acordo com os levantamentos feitos, o Índice de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15) atingiu 0,94%.
Tal número representa mais que o dobro da inflação contabilizada em setembro e a maior alta de preço dos últimos 25 anos.
Entre os produtos mais caros, a carne bovina teve um acréscimo de 4,83%. Já demais insumos como óleo de soja (22,34%), arroz (18,48%) e leite (4,26%), também registram preços absurdos.
Brasileiro sente no bolso
Para a população o momento é de cortes. Gabriela de Oliveira Santos está desempregada e vem dependendo do auxílio para sustentar seu filho de 13 anos.
De acordo com ela, a alternativa encontrada até agora foi de redução na lista de compras, deixando de adquirir produtos como carne, iogurte, bolachas e frutas.
Ela explica que precisou manter na lista de supermercado apenas o essencial, como, arroz, feijão, farinha e algumas verduras. “Estamos comendo frango e ovo, que são mais baratos.” O valor de sua feira que estava em cerca de R$ 350, agora é de R$ 150, porém a quantia anteriormente o suficiente para passar um mês, precisou ser readaptada para garantir o sustento por semanas.
Supérfluo passa a ser cancelado
Outro comportamento que também vem sendo identificado diante das pesquisas é o cancelamento de produtos considerados supérfluos, como biscoitos, vinhos e mais.
“O consumidor deixou de comprar o supérfluo nas últimas semanas e só leva o básico quando os preços estão extremamente convidativos”, diz um supermercadista que prefere o anonimato.
Em sua rede, direcionada para a classe média, a venda caiu em 7% entre os meses de setembro e outubro. O gestor explicou ainda que, no início da quarentena, em meados de abril, muito se vendeu.
De acordo com ele a população estava estocando produtos como salgadinho, chocolate, iogurte, vinho, levando os supermercados a terem um pico de venda. Somente nessa época o crescimento foi de 11,4%. Já em agosto, houve um movimento de desaceleração e tais produtos deixaram de fazer parte da lista dos seus clientes.
“É menos dinheiro rodando na praça e menos ânimo para o cidadão repassar custos. A indústria começou a sentir isso e a necessidade de vender vai fazer com que ela abra descontos,” explicou, afirmando que nesse momento não se descarta a possibilidade de redução dos preços para garantir o funcionamento dos mercados.