Tijolos para abelhas viram exigência em Brighton e levantam debate sobre eficácia

Os chamados “bee bricks” (tijolos para abelhas) são blocos de concreto com pequenos orifícios. Trata-se de um projeto da empresa britânica Green&Blue para servir de abrigo a abelhas solitárias.

Diferente das abelhas sociais, como as do mel, essas espécies vivem isoladas e representam mais de 90% da população mundial de abelhas. Sabia disso?

Então, cada tijolo possui cavidades que imitam buracos naturais em troncos ou pedras, oferecendo um espaço para que as fêmeas depositem seus ovos.

A ideia é simples: transformar fachadas e muros urbanos em potenciais santuários de polinizadores.

Exigência legal em Brighton para o uso dos tijolos para abelhas

Desde abril de 2020, a cidade de Brighton & Hove, no Reino Unido, tomou uma atitude inusitada. Afinal, ela tornou obrigatória a instalação desses tijolos em novas construções com mais de cinco metros de altura.

A medida também inclui caixas para andorinhões, outro animal urbano em declínio.

A decisão foi celebrada como pioneira: ao invés de apenas recomendar jardins ou áreas verdes, o município inseriu a biodiversidade diretamente no planejamento urbano.

A política, inclusive, inspirou outras cidades britânicas a considerar soluções semelhantes.

O que se espera a partir dessa iniciativa?

A proposta busca integrar natureza ao ambiente construído, criando micro-habitats em locais onde há escassez de espaços naturais.

Entre os principais pontos positivos é possível destacar:

  • Apoio aos polinizadores urbanos, essenciais para agricultura e ecossistemas.
  • Conscientização ambiental em massa, já que moradores passam a conviver com estruturas visíveis para abelhas.
  • Design sustentável, pois os tijolos usam resíduos reciclados de granito.
Alguns furinhos no tijolo para abelhas
Tijolos para abelhas ─ Imagem: Geração/FDR

Em termos práticos, cada tijolo pode abrigar dezenas de abelhas, ampliando assim, as chances de sobrevivência em áreas urbanizadas.

Críticas e limitações apontadas por especialistas

Apesar da inovação, pesquisadores permanecem divididos. Estudos em universidades britânicas mostram que as abelhas podem ocupar os tijolos, mas em taxas relativamente baixas.

Fatores como altura de instalação, cor e orientação solar influenciam diretamente no uso. Críticos destacam três problemas:

  1. Profundidade dos furos: muitas espécies exigem túneis de até 15 cm, maiores que os oferecidos.
  2. Risco de doenças e ácaros, caso não haja manutenção.
  3. Baixo impacto populacional comprovado, já que ainda não existem dados robustos sobre crescimento real de colônias.

Alguns, inclusive, chegam a afirmar que os tijolos podem se tornar mais uma forma de “greenwashing” se usados sem diretrizes adequadas.

Um passo necessário ou solução de nicho?

O consenso é que, isoladamente, os bee bricks não vão resolver a crise global das abelhas.

Contudo, como parte de uma estratégia urbana mais ampla — com jardins, telhados verdes e corredores ecológicos — eles podem ser aliados importantes.

Para especialistas, o valor dos tijolos também está no simbolismo. Dessa forma, eles lembram que a biodiversidade precisa ser incorporada até mesmo no concreto das cidades.

Seja como solução escalável ou como experiência local, os tijolos para abelhas já cumprem um papel essencial. Isso porque, eles abrem o debate sobre como cidades podem se tornar refúgios para polinizadores.

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.