ARAGUARI, MG — A Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 119 milhões em bens de empresas e seus sócios investigados por envolvimento na fraude do INSS, um esquema que causou prejuízos bilionários a aposentados e pensionistas em todo o país. A medida visa garantir o ressarcimento das vítimas que sofreram descontos indevidos em seus benefícios previdenciários.

A fraude do INSS é alvo da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal, que apura um esquema nacional de descontos não autorizados de mensalidades associativas nos benefícios de aposentados e pensionistas. Estima-se que, entre 2019 e 2024, cerca de R$ 6,3 bilhões foram descontados indevidamente, afetando milhões de beneficiários.
Fraude do INSS constitui esquema bilionário de descontos indevidos
O esquema da fraude do INSS envolvia associações de classe que, por meio de acordos com o Instituto Nacional do Seguro Social, realizavam descontos mensais nos benefícios de aposentados e pensionistas sem a devida autorização dos mesmos. Essas entidades alegavam oferecer serviços como assessoria jurídica ou convênios com academias e planos de saúde, mas muitos beneficiários desconheciam tais descontos.
A Controladoria-Geral da União (CGU) iniciou a apuração em 2023 e acionou a Polícia Federal em 2024 ao encontrar indícios de crime. Em abril de 2025, a Operação Sem Desconto foi deflagrada, cumprindo 211 mandados de busca e apreensão e seis de prisão temporária em 13 estados e no Distrito Federal. Durante a operação, foram apreendidos 141 joias, mais de 60 veículos de luxo e R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo.
Bloqueio de bens para ressarcir vítimas
A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou 15 ações na Justiça Federal para garantir o bloqueio de bens dos investigados na fraude do INSS, com o objetivo de ressarcir os aposentados e pensionistas lesados. Até o momento, cinco dessas ações foram deferidas, resultando no bloqueio de R$ 119 milhões em bens de empresas e seus sócios.
Além disso, a Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 23,8 milhões em bens de outras empresas e seus sócios envolvidos no esquema. Essas medidas visam assegurar que os valores desviados sejam devolvidos aos beneficiários prejudicados.
Impacto e medidas adotadas após a fraude do INSS
A fraude do INSS afetou milhões de aposentados e pensionistas em todo o país. O Instituto Nacional do Seguro Social estima que cerca de 4 milhões de beneficiários podem ter sido prejudicados por descontos não autorizados em seus benefícios.
Para mitigar os danos, o governo federal adotou diversas medidas, incluindo a suspensão de novos descontos associativos, o bloqueio de bens dos investigados e a abertura de auditorias internas no INSS. Além disso, a AGU está trabalhando para ampliar o número de ações judiciais visando o ressarcimento das vítimas.
Envolvimento de servidores e entidades na fraude do INSS
As investigações revelaram o envolvimento de servidores do INSS e de entidades associativas no esquema de fraudes. Cinco dirigentes do INSS foram afastados por suspeitas de irregularidades relacionadas aos descontos indevidos.
Uma das figuras centrais do esquema é Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, suspeito de ser lobista e facilitador das fraudes. Durante as investigações, foram apreendidos cadernos com anotações que indicam a divisão de propinas entre os envolvidos.
Como os beneficiários podem proceder
Os aposentados e pensionistas que identificarem descontos indevidos em seus benefícios devem entrar em contato com o INSS por meio do portal “Meu INSS” ou pela Central 135 para registrar a reclamação e solicitar o estorno dos valores. O Instituto está orientando os beneficiários sobre os procedimentos para contestar os descontos e buscar o ressarcimento.
A fraude do INSS representa um dos maiores esquemas de desvios de recursos públicos já registrados no país, com prejuízos bilionários para aposentados e pensionistas. As ações da Justiça Federal, da AGU e da Polícia Federal são fundamentais para responsabilizar os envolvidos e garantir o ressarcimento das vítimas. O caso destaca a importância da fiscalização e da transparência na gestão dos benefícios previdenciários, visando proteger os direitos dos cidadãos.
Como vítimas da fraude do INSS podem identificar descontos indevidos?
Para verificar se há descontos não autorizados em seu benefício do INSS, siga os passos abaixo:
-
Acesse o Meu INSS: Utilize o aplicativo ou o site meu.inss.gov.br;
-
Faça login: Utilize seu CPF e senha cadastrada no portal Gov.br;
-
Consulte o Extrato de Pagamento: Na tela inicial, clique em “Extrato de Pagamento” para visualizar os detalhes dos seus recebimentos e descontos;
-
Verifique os descontos: Analise os descontos listados, especialmente aqueles identificados como “mensalidade associativa” ou “contribuição sindical”;
-
Compare com suas autorizações: Se identificar algum desconto que não autorizou, é possível que você tenha sido vítima da fraude.
Como solicitar o reembolso de descontos indevidos
O processo de contestação pode ser realizado de forma simples e rápida, observe o passo a passo:
-
Acesse o aplicativo Meu INSS e faça login com a sua conta gov.br. Se ainda não tiver o app instalado no celular, veja aqui como baixar.
-
Clique na opção “Consultar Descontos de Entidades Associativas”. O aplicativo vai mostrar quais associações realizaram os descontos em seus benefícios e os valores descontados, entre março de 2020 e de 2025.
-
A partir disso, marque se autorizou o desconto ou não, para cada uma das entidades listadas.
-
Informe um celular e e-mail para contato.
-
Em seguida, declare se os dados são verdadeiros.
-
Clique no botão “enviar declarações” para finalizar. Será exibida uma mensagem de que o pedido foi realizado com sucesso e que as entidades associativas têm até 15 dias úteis para responder a contestação.