Jornada de trabalho reduzida sem prejuízo salarial, defendem debatedores

VITóRIA DA CONQUISTA, BA — Debatedores defendem no Senado Federal a jornada de trabalho reduzida sem corte salarial. A mudança faz parte de um Projeto de Emenda à Constituição enviado para a casa em fevereiro deste ano. Descubra o que está em jogo.

Jornada de trabalho reduzida sem corte salarial é defendida no Senado Federal
 (Imagem:  Jeane de Oliveira/ FDR)

Na última segunda-feira, 05/05, sindicalistas e representantes do poder público defenderam a jornada de trabalho reduzida sem corte salarial. A audiência pública faz parte de uma rodada de debates sobre o Novo Estatuto do Trabalho, previsto na Sugestão Legislativa (SUG) 12/2018.

Para o senador Paulo Paim a atual jornada 6×1, seis dias de trabalho e um de descanso, é “escravocrata”. O parlamentar é autor de uma PEC que prevê jornada de trabalho de 36 horas semanais.

A história nos mostra que a redução da jornada de trabalho é uma luta de décadas da classe trabalhadora. Os benefícios de uma jornada reduzida são inegáveis. Menos horas de trabalho significam mais tempo para lazer, família, estudo e qualificação profissional. Menos doença no trabalho e menos acidente no trabalho”, explicou o senador, segundo a Agência Senado.

Jornada de trabalho reduzida sem corte salarial

Os representantes de entidades sindicais que participaram do debate também defendem a redução da jornada de trabalho.

“A redução da jornada traz benefícios para todos: para o país, para o setor patronal e para o trabalhador. É mais dignidade e qualidade de vida. É preciso que os trabalhadores estejam mobilizados, venham para esta Casa e entrem nas redes sociais para que a gente faça um bom debate e consiga melhor qualidade de vida” afirmou Luiz de Souza Arraes, coordenador-nacional do Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST).

A expetativa é que de as mulheres sejam as mais beneficiadas com a redução da jornada. Nesse sentido o tema acaba sendo ainda mais relevante, especialmente quando lembramos que são as mulheres as principais responsáveis pelos cuidados domésticos. Sendo assim, elas acabam sobrecarregadas com jornadas duplas e até triplas.

Luta pela redução da jornada de trabalho

Não são apenas os sindicalistas e representantes das entidades que defendem a redução. Representantes do Poder Judiciário também entendem a importância do tema e já se manifestaram a favor da redução.

“A redução da jornada tem sido experimentada em vários países. Isso traz mais satisfação para os trabalhadores e tende a criar mais postos de trabalho. Sob o ponto de vista econômico, mais postos de trabalho geram mais dinheiro nas mãos das pessoas e mais consumo”, explicou a juíza Luciana Paula Conforti, presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).

Ela ainda acrescenta que além de reduzir a jornada, também é necessário enfrentar a pejotização, ou seja, a contratação de pessoas jurídicas como trabalhadores.

O representando do Ministério do Trabalho, Shakti Prates Borela, também é a favor da mudança. Para ele, a atual dinâmica de vida tem reduzido o tempo de desconexão do trabalho.

A audiência pública também contou com a presença de Ana Virgínia Moreira, diretora regional da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para a América Latina e o Caribe. De acordo com ela, é necessário ter tempo para descansar e se recuperar do trabalho.

Segundo Marina Silveira, especialista do FDR, o fim da escala 6×1 é prioridade no governo Lula.

Jamille NovaesJamille Novaes
Formada em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), a produção de texto sempre foi sua paixão. Já atuou como professora e revisora textual, mas foi na redação do FDR que se encontrou como profissional. Possui curso de UX Writing para Transformação Digital, Comunicação Digital e Data Jornalismo: Conceitos Introdutórios; e de Produção de Conteúdos Digitais.