Desde que iniciamos a cobertura desta crise sanitária que castiga o mundo, uma preocupação em especifico nos tomou: como isso afetaria os mais vulneráveis? A barriga não espera e quem já vivia no limite do orçamento doméstico viu o medo e as incertezas trazidas à todos por este vírus, chegar com velocidade e uma voracidade quase inacreditável.
A crise econômica também começou e com colapso de muitos setores, milhões já perderam seus empregos. Pior: muitos na informalidade não podem mais sequer trabalhar nas ruas, seja por imposição da quarentena ou por limitações de saúde.
Diariamente recebemos e-mails (reproduzidos abaixo) de pessoas desesperadas, pois o tempo está passando e o auxílio emergencial prometido segue em análise, tem erros por dados inconclusivos ou mesmo foram negados.
Uma particularidade notada em alguns desses relatos desesperados por uma solução é que boa parte vem de pessoas nos rincões do Brasil, do já castigado sertão nordestino por exemplo, dentre outras áreas menos urbanizadas (o que também não facilita o acesso a ajuda de projetos sociais, mais comuns e ativos nas grandes capitais).
É bem verdade, também, que o Governo brasileiro agiu mais rápido do que os países mais desenvolvidos no sentido de aprovar o pacote de auxílios emergenciais, bem como (por já ter toda uma estrutura de transferência de renda, com o Bolsa Família, por exemplo), conseguiu operacionalizar de forma mais rápida os primeiros depósitos.
No entanto, há uma camada gigantesca da sociedade ainda não atendida e que precisa, com máximo de urgência possível, ter estes recursos liberados. Neste caso, é melhor pecar pelo excesso (liberando os recursos, mesmo sem tanta conferência), do que pela omissão – ao ser preciosista demais nas checagens.
UM PONTO CEGO POUCO CONSIDERADO
Aqueles brasileiros chamados de “invisíveis”, que não participavam de programas sociais como Bolsa Família ou que sequer tinham CPF’s válidos cadastrados, são os que estão na situação mais sensível de todas neste momento.
A preferência pelos usuários do Bolsa Família é válida e faz muito sentido, no entanto este grupo já tinha um amparo social recorrente e que agora só foi turbinado.
A complicação mesmo está com os trabalhadores informais que, do dia pra noite viram sua renda ir para zero, mas por não estarem dentro do aparato estatal, com Cadastro Único, CPF válido ou mesmo com uma conta bancária válida, estão totalmente a mercê da própria sorte, enfrentando complicações e burocracias estúpidas para receberem um auxílio que, se não vier, os colocarão a dois passos da fome.
O Governo Federal precisa agir com ainda mais rapidez e liberar os pedidos de auxílio emergencial em análises, antes que a situação penda para uma crise social de proporções desconhecidas.