O que será da Poupança? Volume de retiradas foi o maior da história em 2022

O ano de 2022 terminou com a poupança, modalidade de investimento mais popular entre os brasileiros, registrando resgate líquido (quando os saques são maiores que os depósitos) de R$103,24 bilhões, o montante mais alto registrado desde o início da série histórica do Banco Central.

No decorrer do ano passado, a poupança registou um patamar positivo apenas nos meses de maio e dezembro. 

Este resultado da modalidade em 2022 foi, em grande parte, uma reversão da poupança acumulada ao longo da fase mais crítica da pandemia do coronavírus. Em 2020, pico da doença, a poupança registrou um ingresso líquido de R$166,31 bilhões, um resultado recorde. No ano seguinte, porém, já foi registrado um resgate liquido de R$35,50 bilhões.

Os brasileiros conseguiram guardar mais dinheiro nessa época, diante das medidas de isolamento social e de combate à Covid-19, como o auxílio emergencial e o saque extraordinário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). No entanto, após a liberação das atividades e da economia, os brasileiros voltaram a consumir.

Em dezembro de 2022, foram depositados R$ 352,4 bilhões e retirados R$ 346,2 bilhões na caderneta de poupança. Considerando o acumulado do ano, os saques totalizaram totalizaram R$ 3,73 trilhões e os ingressos, R$ 3,63 trilhões

O saldo, que representa o valor total investido na modalidade, ficou em R$ 998,94 bilhões. Em agosto de 2020, em meio ao desempenho consideravelmente positivo por diversos meses consecutivos por conta da pandemia, a poupança superou a marca de R$ 1 trilhão e ficou  neste  patamar até julho do ano passado, quando caiu novamente.

No mês de novembro, foi registrada uma captação negativa de  R$ 7,419 bilhões. Um mês antes, em outubro, a caderneta teve retirada líquida de R$ 11,007 bilhões. Em agosto, por fim,  a poupança passou pela maior retirada líquida da série, com R$ 22,015 bilhões.

André Galhardo, economista-chefe da consultoria Análise Econômica, disse que fora as questões conjunturais, o rendimento das famílias brasileiras não aumentou na mesma proporção da criação de vagas.

“É interessante notar que, mesmo com melhora do mercado de trabalho ao longo de 2022, a gente não viu melhora significativa no nível de rendimento. É verdade que o rendimento médio aumentou, mas os dados de salário mostram que, mesmo com uma criação robusta de postos de trabalho, temos um salário de admissão em queda. O nível de remuneração da recolocação da população é baixo”, disse ele ao Valor. 

Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.