Empresário orienta funcionárias a colocar celular no SUTIÃ para filmar VOTO

As eleições de 2022 estão cada vez mais polarizadas, isso significa dois polos distintos de preferência na sociedade. Na prática, o que tem sido visto são centenas de pessoas se enfrentando e discutindo de maneira mais hostil sobre sua posição política. Todo esse cenário tem influenciado inclusive a relação entre empregador e empregado, um caso de influencia do patrão no voto das funcionárias foi descoberto na Bahia.

Empresário orienta funcionárias a colocar celular no SUTIÃ para filmar VOTO
Empresário orienta funcionárias a colocar celular no SUTIÃ para filmar VOTO (Imagem: FDR)

O G1 da Bahia teve acesso na última quarta-feira (19), a um áudio em que um empresário que atua no agronegócio confessou ter induzido suas funcionárias a votar no candidato à presidência que ele escolheu. Para isso, orientou que as mulheres colocassem o celular escondido em seu sutiã permitindo que filmasse o momento do seu voto. Já que o voto é secreto e na cabine de votação está proibido o uso de celular.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) passou a apurar o caso. O empresário suspeito é Adelar Eloi Lutz, que na quarta-feira (19) publicou um vídeo em sua defesa. Na apresentação, uma bandeira com o rosto do presidente Jair Bolsonaro (PL) fazia parte do cenário, além de um adesivo com o número do atual presidente colado na roupa de Adelar. Ele disse que tudo não passou de uma brincadeira.

Entenda o caso

No áudio que viralizou pelo WhatsApp, o empresário Adelar diz que: “Tinham cinco [funcionários que não concordavam], dois voltaram atrás. Das outras 10 que estavam ajudando na rua, todos tiveram que provar, filmaram nas eleições. Se vira, entrem com o celular no sutiã, que seja, vai filmar, se não, rua“.

Neste mesmo áudio ele confessa que demitiu duas funcionárias que não votaram no presidente Jair Bolsonaro no primeiro turno. Disse que essas duas mulheres voltaram atrás e garantiram que vão filmar seu voto no segundo turno, ele termina dizendo que “Então vota, primeiro prova, que nós contratamos de novo”.

No vídeo em que o empresário compartilhou nas suas redes sociais para se defender, ele garante que enviou aquele áudio como uma brincadeira entre amigos.Mandei para várias pessoas, mas não sei como foi parar em outros lugares. Jamais ia fazer isso [demitir alguém]“, garantiu.

Voto pode ser determinante para demissão?

O voto do funcionário não pode ser motivo para que ele seja demitido, caso o patrão queira induzir o empregado a votar em determinado candidato, ele estará cometendo assédio eleitoral, o que é considerado crime. De acordo com dados obtidos pelo MPT, até o dia 18 de outubro já haviam sido denunciados 447 casos de assédio eleitoral nas eleições 2022.

A maioria foi registrada na região Sul do país, com 171 registros. Quem se sentir coagido a depositar seu voto no candidato que o patrão escolheu, pode denunciar o caso. Para isso, deve acessar o site do Ministério Público do Trabalho e clicar na opção “Denuncie”. Ou baixar o App Pardal.  

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com