Em agosto, a proporção de famílias com endividamento e inadimplência bateu novo recorde, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Os números foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta segunda-feira (5).
Em agosto, o percentual de famílias com dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque pré-datado, cheque especial, crédito consignado, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de casa e carro) chegou a 79%. Isso representa uma alta de 1 ponto percentual no endividamento em relação ao mês anterior.
Já em comparação ao mesmo período do ano passado, a proporção de famílias com endividamento aumentou 6,1 ponto percentual.
Nas duas faixas de renda avaliadas, houve uma semelhança na dinâmica de crescimento do endividamento em agosto. Para as famílias com rendimentos até 10 salários mínimos, o aumento da contratação de dívidas foi de 1,1 ponto percentual. Já entre as de maior renda, a alta foi de 0,9 ponto percentual.
Aumento de endividamento afeta homens e mulheres
Além disso, a proporção de homens e mulheres com endividamento é maior no oitavo mês deste ano. O crescimento foi maior entre os homens — de 1 ponto percentual entre julho e agosto. Já entre as mulheres, o aumento foi de 0,5 ponto percentual.
Apesar disso, na base anual, as mulheres contrataram mais dívidas do que os homens, segundo revelado pela economista da CNC responsável pela Peic, Iziz Ferreira.
Inadimplência sobe pelo segundo mês seguido
Em agosto, aumentou novamente o volume de consumidores que atrasaram o pagamento de contas de consumo ou de dívidas. Com isso, a proporção chegou a 29,6% das famílias brasileiras.
Entre os principais motivos para a inadimplência recente, está o encerramento das medidas de oferta de renda extra — como antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS, e saques do FGTS.
O percentual de famílias com atraso em contas ou dívidas elevou 0,6 ponto percentual em relação ao mês anterior. Já em relação ao mesmo período do ano passado, a inadimplência cresceu 4 pontos percentuais em agosto.
Entre todos os inadimplentes, 10,8% disseram que não conseguirão pagar as contas já atrasadas. Ou seja, estes brasileiros seguirão na inadimplência.
Segundo a economista, o aumento da proporção das famílias com contas atrasadas ocorreu nas duas faixas de renda pesquisadas. Ferreira alega que “isso mostra os desafios que esses consumidores seguem enfrentando na gestão mensal de seus orçamentos”.