A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) realizou, recentemente, um levantamento a respeito do consumo das famílias brasileiras. O curioso é que, mesmo com o encarecimento dos alimentos, os brasileiros aumentaram o consumo nos supermercados em 7,37% em abril.
O aumento foi observado levando em consideração os registros do mesmo mês no ano passado. No cenário atual, precisamente nos quatro primeiros meses de 2022, o consumo dos brasileiros nos supermercados marcou uma alta de 2,5% em comparação ao mesmo período em 2021.
No entendimento do vice-presidente administrativo e institucional da Abras, Marcio Milan, os resultados da pesquisa apontam o crescimento efetivo no consumo da população nesta primeira parte do ano. Na realidade, os números mostram a estabilidade no consumo durante os meses de fevereiro, março e abril. Na comparação entre os dois últimos, a alta ficou em 4,2%.
A estimativa da Abras para o consumo dos brasileiros nos supermercados em 2022 é de um crescimento de 2,8%. A associação ainda identificou que a cesta com os 35 itens alimentícios mais consumidos em supermercados registrou um aumento de 8,31% no acumulado de janeiro a abril em comparação ao mesmo prazo em 2021. No acumulado de 12 meses a alta foi de 17,87%.
Conforme apurado, os itens mais caros no primeiro quadrimestre de 2022 foram o leite longa vida, que ficou 22,35% mais caro. O óleo de soja também teve um aumento expressivo em 20,38%, bem como o feijão na margem de 19,71% e a farinha de trigo, cuja alta foi de 15,45%.
Para o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, os preços dos produtos são o resultado direto das variações na inflação, combinada ao aumento dos custos com energia em decorrência da guerra na Ucrânia. Ele acredita ser necessário reduzir, mesmo que momentaneamente, os impostos na tentativa de conter a alta inflacionária.
“Pelo menos um período de corte desses impostos. Um esforço do governo federal, estadual, municipal no sentido de criar alternativas para a gente ter uma cesta básica desonerada”, ponderou.
Vale mencionar que, a última edição da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostrou os aumentos nas cestas básicas apuradas no mês de abril. A mais cara é a comercializada na capital paulista a R$ 777,93.
O departamento também realizou um cálculo que mostra qual seria o salário mínimo ideal com poder de comprar para arcar com todas as despesas de um trabalhador. Neste cenário hipotético é considerada uma família composta por quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças.
Leva-se em conta despesas com moradia, alimentação, saúde, educação, transporte, lazer e previdência. Para viver relativamente bem e sem dificuldades extremas para custear todos estes gastos, seria necessário receber um salário mínimo de R$ 6.535,40 ou 5,39 vezes o mínimo de R$ 1.212,00.