Você tem percebido que a embalagem do produto que costuma consumir diminuiu? Pois é, muitos brasileiros têm se queixado do mesmo problema, e ainda falam sobre a piora na qualidade dos produtos e serviços no mercado. Essa atitude das empresas já ganhou nome, e tem sido chamada de “reduflação”.
O instituto Reclame Aqui realizou uma pesquisa com 6.665 usuários, e identificou que pelo menos 80% dos consumidores têm percebido um novo comportamento das fabricantes. Eles relatam redução de tamanho, peso e metragem das embalagens e produtos.
O Brasil vive hoje uma situação financeira nada confortável. Existem 11,3 milhões de pessoas desempregadas, a renda do brasileiro tem caído, e a inflação sobe cada vez mais aumentando o valor de uma série de produtos.
Situação que pode justificar a necessidade de redução de custos das empresas. No entanto, embora o momento não seja financeiramente favorável para os dois lados, os consumidores parecem não estar gostando das medidas tomadas.
De acordo com o presidente do Reclame Aqui, Edu Neves, as reclamações relacionadas aos produtos oferecidos no atual mercado começou em 2021. Incluindo desde produtos de estética, até combos de TV à cabo e internet.
As empresas se defendem argumentando que o cenário econômico está bem caótico. Falam sobre a alta da inflação, o orçamento curto do consumidor e a disputa com as demais empresas do mercado para conseguir manter espaço.
Para manter a boa pose principalmente para os investidores, as fabricantes querem demonstrar que conseguem passar por essa fase difícil e que possuem estratégias.
No entanto, em entrevista concedida a Folha de S. Paulo, o diretor-executivo do Procon-SP, Guilherme Farid, acredita que essa atitude pode ser um pouco arriscada. Isso porque, os consumidores podem se sentir enganados e “feitos de bobos”.
E a questão vai além, já que diminuir o tamanho da embalagem sem aviso prévio é por lei considerada uma infração. O que faria com que a fabricante respondesse judicialmente sobre o assunto.
Nos primeiros quatro meses deste ano, comparado ao mesmo período de 2022, as reclamações por propaganda enganosa cresceram 19,2%, afirma a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor).
Ganham destaque nesta medida de “reduflação”, empresas relacionadas a: comércio eletrônico, operadoras de telecomunicações, companhias aéreas, bancos, operadoras de cartões e programas de fidelidade.
Bons exemplos são do MC Donald’s que precisou alterar o nome do sanduíche McPicanha após ser revelado publicamente que apenas o sabor do produto era de picanha. O mesmo aconteceu com o Buger King que alterou o nome do sanduíche Whopper Costela para Whopper Paleta Suína.
As duas marcas estão sendo investigadas pelo Procon-SP, e podem ser obrigadas a pagar multa que chega a R$ 12 milhões.