A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgou na segunda-feira (23) dados sobre o primeiro trimestre do setor no país. Além de uma redução de 2,6% no total de lançamentos de imóveis em relação ao mesmo trimestre de 2021, impressiona a grande queda de participação do programa Casa Verde e Amarela, substituto do Minha Casa, Minha Vida.
Os lançamentos de imóveis do programa habitacional do governo federal foram 40,4% menores que no último trimestre do ano passado e 25,6% menores que nos três primeiros meses de 2021.
Ao todo, foram 22.334 imóveis colocados para venda, ante 34.863 unidades no quarto trimestre do ano passado e 28 mil unidades de janeiro a março de 2021.
Também houve redução no número de vendas do Casa Verde e Amarela. Na comparação com o trimestre anterior, foram 13,4% imóveis vendidos a menos, e, na comparação com o mesmo período de 2021, a queda foi de 3%.
Quando se compara com 2020, a redução da participação do Casa Verde e Amarela no setor de construção civil é ainda mais perceptível. Nos primeiros meses daquele ano, o programa foi responsável por 53% dos lançamentos. Agora, responde por 42% dos imóveis postos à venda.
Casa Verde e Amarela ‘definhou’
No dia 13 de maio, Rafael Menin, diretor-presidente da MRV, uma das principais construtoras que atuam dentro do Casa Verde e Amarela, disse, durante participação em uma teleconferência com analistas, que o programa “definhou”.
“O Casa Verde e Amarela ‘definhou’ nos últimos 3 trimestres. Ele era um programa de aproximadamente 30 mil unidades por mês e passou a ser um programa de 15 mil unidades por mês”, disse Menin.
Segundo o executivo, o programa habitacional já foi responsável por quase 100% das operações da MRV, mas hoje responde por algo em torno de 50%. Ele espera mudanças por parte do governo federal, como aumento de subsídios e das faixas de juros.
Um dia antes, Rodrigo Osmo, CEO da Tenda, construtora também muito presente no Casa Verde e Amarela, disse que o programa estava com um desempenho “abaixo das expectativas” e defendeu que o governo realize um “choque de mudanças”.
“Todos em Brasília estão sensibilizados, a Caixa também. Há discussões que estão acontecendo em relação à curva [de subsídios]”, relatou Osmo.
A tendência é que o governo anuncie novidades no Casa Verde e Amarela, tanto para atender à pressão das construtoras, como para aumentar a sua própria popularidade, visando as eleições em outubro.