Apesar de um rendimento bilionário pela Petrobras no primeiro trimestre de 2022, o presidente da República, Jair Bolsonaro, não parece estar muito satisfeito com os números. A estatal, que pode ser privatizada em um futuro não tão distante, teve um rendimento de R$ 44,5 bilhões entre janeiro e março deste ano.
Porém, ao tomar conhecimento sobre o levantamento dos lucros, Bolsonaro usou duas palavras para descrever o número: “crime” ou “estupro”. Tais denominações foram surpreendentes, tendo em vista que pelo Governo Federal ser o maior acionista da empresa, o mais adequado neste cenário seria celebrar o desempenho e, por consequência, a injeção que este lucro promove nos cofres públicos.
Até mesmo porque, a Petrobras é responsável por viabilizar a quantia de R$ 447 bilhões aos cofres da União entre janeiro de 2019, início da gestão de Bolsonaro, e março de 2022. Ressaltando que este número leva em consideração os dividendos, impostos ou royalties. Desta forma, o lucro líquido obtido pela empresa foi de R$ 200 bilhões.
Desta forma, se o cálculo levar em conta todo o faturamento da Petrobras, de R$ 1,16 trilhão, o repasse equivale a 38,5% do total. Para ter uma noção ainda melhor sobre as proporções do rendimento da estatal desde o início do atual governo, o número que se aproxima de R$ 500 bilhões corresponde a cinco vezes o orçamento do Auxílio Brasil, previsto em R$ 89 bilhões somente para 2022.
Logo, é preciso ter em mente também, que a União não é a única esfera do Poder Público contemplada pela Petrobras. A empresa também efetua repasses periódicos a Estados e municípios.
Logo, o pagamento no âmbito governamental soma R$ 675 bilhões em sua totalidade. O valor é pouco maior do que os gastos do Governo Federal no combate à pandemia da Covid-19 em 2020, que foi de R$ 524 bilhões.
De acordo com Daniel Couri, diretor executivo interino da Instituição Fiscal Independente (IFI), destacou a relevância da quantia repassada aos cofres públicos. Neste sentido, estima-se que a Petrobras seja responsável por cerca de 1% a 2% do total da arrecadação federal, percentual extremamente alto para uma contribuição unitária.
Couri ainda ressaltou que uma parcela deste rendimento não possuiu destino obrigatório, pelo contrário, pode ser aplicado da maneira que os dirigentes da Petrobras julgarem conveniente. Portanto, o lucro pago ao governo é sim importante.
“Provavelmente, sozinha, a Petrobras consegue pagar todas as despesas de saúde no Brasil”, ponderou.