Funcionários do ministro da Economia, Paulo Guedes, disseram recentemente que a apropriação de programas assistenciais como o Auxílio Brasil, vinculados a ações eleitorais podem resultar em sérias consequências para a população.
E vale lembrar que, no final, é justamente este o público-alvo de iniciativas sociais, mas que sofrerão com a fome, desemprego, aumento da violência e mazelas sociais caso as promessas não forem cumpridas.
O preocupante é que o Auxílio Brasil ainda não possui um orçamento próprio, e ainda assim, tem a intenção de efetivar a transferência de renda para 17 milhões de famílias. Além do que, o programa já tem data para acabar. A previsão inicial é para que as parcelas sejam pagas até dezembro de 2022.
De acordo com o economista do Ministério da Economia, Elias Sampaio, todas as investidas no programa têm sido feitas para que Bolsonaro consiga superar seu rival nas eleições, o ex-presidente Lula, famoso pela promoção de programas e benefícios sociais.
Para Sampaio, o Auxílio Brasil pode ser simplesmente, “o ‘bode na sala’ para financiamento das bases eleitorais dos aliados em 2022. O que nos faz pensar que é o contrário?”.
Elias Sampaio possui um currículo extenso, tendo passado por diversos cargos do setor econômico no Governo Federal, logo, tem domínio para fazer tais declarações. Por isso ele diz reconhecer que a atual gestão econômica está equivocada desde o início.
Ele ainda disse que as pautas sociais apresentadas em debate no Plenário, como o Auxílio Brasil e o Auxílio Gás foram criadas para extinguir as políticas públicas assistenciais já efetivadas, como o Bolsa Família. Criado pelo ex-presidente Lula, o Bolsa Família foi extinto em novembro, após efetuar o último pagamento em outubro de 2021.
O programa se consolidava como uma política pública de longo prazo, gerido por verbas próprias. Desde que foi lançado em 2003, foi capaz de amparar cerca de 15 milhões de famílias. Em contrapartida, o Auxílio Brasil possui uma capacidade de atendimento bastante inferior, além de ser uma iniciativa a curto prazo.
“É uma ação eleitoreira da pior forma possível”, diz Sampaio. “Eu não digo nem que seja uma política assistencialista, porque se não jogamos a responsabilidade da falta de nexo do governo para cima das pessoas que mais precisam”, afirma Elias.
Segundo o economista, não é fácil fazer uma avaliação congruente sobre a atuação do Governo Federal, especialmente porque, no geral, as ações apresentadas não são transparentes e fiéis aos propósitos constitucionais.
Mas ele entende que tudo o que tem acontecido é para que Bolsonaro consiga suprimir politicamente o principal opositor nas urnas, tendo em vista que pesquisas recentes sobre o pleito eleitoral mostram que Lula ganharia de Bolsonaro facilmente em dois turnos.