Dívida pública volta a subir em novembro; entenda se isso pode te impactar

Pontos-chave
  • Dívida pública passou para R$ 5,499 trilhões em novembro;
  • Em novembro, o Tesouro Nacional emitiu R$ 102,77 bilhões em títulos da dívida pública mobiliária interna;
  • O Tesouro Nacional tem lançado menos papeis prefixados em virtude da turbulência no mercado financeiro.

O volume reduzido de vencimentos no mês de novembro fez a dívida pública federal (DPF) reduzir após dois meses de queda seguidos. Os dados foram divulgados pelo Tesouro Nacional, que também informou que a DPF passou de R$ 5,372 trilhões no mês de outubro para R$ 5,499 trilhões em novembro, resultando em uma alta de 2,34%.

Segundo a previsão do Tesouro Nacional a dívida pública deve continuar crescendo. Ao considerar o Plano Anual de Financiamento (PAF), cuja última revisão foi feita no final do mês de maio, nota-se que o estoque da dívida deve ser encerrado em 2021 na margem de R$ 5,5 trilhões a R$ 5,8 trilhões. 

Se tratando de títulos, a dívida pública mobiliária interna teve um aumento de 2,48%, passando de R$ 5,106 trilhões no mês de outubro para R$ 5,233 trilhões em novembro. No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 85 bilhões em títulos a mais do que conseguiu recuperar, sobretudo no que compete a papeis agregados à taxa Selic, que mede os juros básicos da economia. 

Mas não para por aí, além da emissão líquida, ocorreu a apropriação de R$ 41,83 bilhões em juros. Através da apropriação de juros, o Governo Federal tem a possibilidade de reconhecer mensalmente a correção de juros incidente sobre os títulos, incorporando o valor ao estoque da dívida pública

Em novembro, o Tesouro Nacional emitiu R$ 102,77 bilhões em títulos da dívida pública mobiliária interna. Este foi o segundo menor nível do ano. Contudo, o baixo volume de vencimentos no mês passado fez a influenciou na continuidade da emissão líquida com saldo positivo. Já em novembro, foram vencidos R$ 17,77 bilhões, ou seja, quase todos os títulos corrigidos pela inflação.

A alta só não foi maior porque a dívida pública federal extrema caiu em 0,41%, passando de R$ 267,41 bilhões para R$ 266,3 bilhões em novembro. O principal causador dessa mudança foi a ligeira queda de, aproximadamente 0,4% no dólar em novembro. 

Hoje, o colchão é capaz de cobrir quase um ano de vencimentos da dívida pública. Mas para os próximos 12 meses, existe uma previsão de vencimento na faixa de R$ 1,155 trilhão em títulos federais. 

Nos primeiros meses da pandemia da Covid-19, o Governo Federal queimou uma parte deste colchão visando compensar a instabilidade do mercado financeiro. Mas em novembro de 2020, foi preciso que o Banco Central repassasse ao Tesouro Nacional cerca de R$ 325 bilhões na tentativa de auxiliar a recompor essa reserva. O restante tem sido realizado por meio de novas emissões. 

Em abril deste ano, a Emenda à Constituição do Novo Marco Fiscal, proveniente da PEC Emergencial, reforçou o colchão com mais de R$ 140 bilhões da desvinculação do superávit de fundos públicos. 

Por isso, o volume reduzido de vencimentos combinado à alta emissão de títulos vinculados à taxa Selic tiveram o poder de alterar a composição da DPF. Observa-se que a proporção deste tipo de papel teve um aumento de 36,15% para 36,69%.

Por esta razão o PAF prevê que o indicador feche o ano de 2021 em 33% e 37%. Este tipo de papel voltou a atrair o interesse dos compradores em virtude das altas recentes da taxa Selic.

A parcela de títulos prefixados, aqueles com rendimento definido no ato da emissão, teve uma queda de 29,04% para 28,89%. Por esta razão, o PAF prevê que a parcela da dívida pública atualizada por esse indicador terminará o ano entre 31% e 35%.

Desde então, o Tesouro Nacional tem lançado menos papeis prefixados em virtude da turbulência no mercado financeiro nos últimos meses. Esses títulos possuem maior demanda em um momento de estabilidade econômica.

Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.