Cardápio do brasileiro: alimentos precisaram ser reduzidos na mesa após alta de preços

Pontos-chave
  • Alimentos ficam cada vez mais caros no Brasil;
  • População passa a reduzir lista de compras nos supermercados;
  • Governo afirma que cenário é necessário para garantir o desenvolvimento econômico.

Crise econômica afeta nutrição da população brasileira. Nos últimos meses diversos foram os reajustes aplicados no preço dos alimentos. Itens básicos como arroz, feijão, frutas e legumes estão cada vez mais caros. Uma pesquisa realizada pela Datafolha revelou que 85% da população reduziu o consumo de carnes, fazendo sua substituição por ovos. Acompanhe os detalhes.

Cardápio do brasileiro: alimentos precisaram ser reduzidos na mesa após alta de preços (Imagem: Reprodução/RBJ)
Cardápio do brasileiro: alimentos precisaram ser reduzidos na mesa após alta de preços (Imagem: Reprodução/RBJ)

Fazer feira no Brasil tem se tornado uma grande dor de cabeça para a maioria de seus moradores. Com a inflação em alta alterando o preço dos alimentos, as sacolas de supermercados voltam ainda mais vazias ou com a substituição de produtos até então considerados essenciais na mesa de uma família.

Pesquisa Datafolha releva produtos menos consumidos

De acordo com o relatório revelado pela Datafolha nessa segunda-feira (20), 85% da população diminuiu o consumo de carne de boi, arroz, feijão, frutas, legumes e pão. 67% cortaram de vez a carne vermelha da lista de compras e 51% não levam mais refrigerantes e sucos.

No leite e derivados a redução foi de 46%. Já o Pão francês, pão de forma e outros pães aparecem com 41% negativos. Há ainda outros insumos como arroz, feijão e macarrão que equivalem a uma compra de 34%, 36% e 38% da população, respectivamente.

No frango, porco e outros cortes mais populares, também foi registrado uma queda. No entanto, esse grupo ainda se mantem como uma alternativa mais econômica para aqueles que têm condições de pagar. Para as frutas, legumes e verduras, o consumo caiu em 36%.

50% da população passou a comer mais ovos do que antes. Apenas 20% está consumindo menos ovos. 28% mantiveram a mesma quantia e 3% afirmaram não comprar.

Faixas de renda e distribuição por região

O estudo revelou ainda que a redução foi alimentos é vivenciada mais intensamente nas famílias com renda de até 2 salários mínimos. Esse grupo cortou em 45% a aquisição de frutas, legumes e verduras.

Já quem vive entre 2 a 5 salários teve uma queda nas compras de 29%. Até mesmo que recebe entre 5 e 10 salários também reduziu em 20% a lista da feira. Nos mais ricos, acima dessa quantia, 8% fizeram mudanças.

A divisão de reajustes por região fica em 75% no Sul e 89% no Nordeste. Há diferenças também entre homens (82%) e mulheres (87%); pretos (91%) e brancos (82%); pessoas que avaliam o governo positivamente (73%) e negativamente (89%).

O que diz o governo sobre o atual cenário?

Mesmo mediante tamanha crise, o governo federal segue afirmando que a população não tem com que se preocupar.

Para o ministro da economia, Paulo Guedes, o aumento nos alimentos não gera um impacto significativo no bolso da população. De acordo com ele, a atual inflação é necessária para garantir o desenvolvimento econômico do país.

Já o presidente da república, Jair Bolsonaro, afirma estar ciente dos reajustes, mas garante que a responsabilidade é dos governadores e prefeitos que recomendaram o lockdow e respeitaram as recomendações da Organização Mundial de Saúde para evitar aglomerações na pandemia.

De acordo com o chefe de estado, a decisão de mandar o trabalhador ficar em casa foi o principal motivo pelo qual a economia do país foi afetada.

Sem circulação nas ruas, ainda que exista uma pandemia com mais de 580 mil vítimas, o poder de compra e venda seria reduzido, gerando assim danos na carteira do trabalhador, defendeu ele.

Cardápio do brasileiro: alimentos precisaram ser reduzidos na mesa após alta de preços (Imagem: Gazeta do Povo)
Cardápio do brasileiro: alimentos precisaram ser reduzidos na mesa após alta de preços (Imagem: Gazeta do Povo)

Previsão econômica para 2022

Tendo em vista as eleições presidenciais no próximo ano, Bolsonaro vem tentando reverter sua impopularidade com a adoção de um novo projeto social que tenha sua assinatura. O Auxílio Brasil substituirá o atual Bolsa Família e deverá ofertar mensalidades de R$ 300 para a população de baixa renda.

O programa, no entanto, beneficiará apenas os brasileiros que não atuam de carteira assinada e não possuem fonte de renda declarada. Isso significa que ainda assim não suprirá a atual demanda de crise gerenciada em seu governo. Parte significativa da população seguirá com as contas reajustadas negativamente.

Eduarda AndradeEduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.